A pesquisa intitulada “Conte de Lá que Conto de Cá: reflexões práticas e teóricas embasadas na cultura literária em sala de aula” nasce de nossa vivência docente – com crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental – e, consequentemente, dos nossos anseios quanto à formação de leitores ativos e críticos. O objetivo do estudo é analisar as práticas de leitura literária, no contexto escolar, evidenciando aspectos peculiares à recepção dos textos por parte dos alunos. Ou seja, como o meu aluno recepciona os textos? Quais fatores interferem nesse processo? Há uma relação dialógica? Os estudos embasados na Estética da Recepção fomentam o sentido da leitura literária no momento em que as experiências trazidas pela obra e pelo leitor se cruzam e geram uma fusão de significados. Dessa forma, o desejo de propiciar ambientes em que as práticas de leituras sejam focalizadas no sujeito-aprendiz e sua pluralidade de interpretações, subjetividades, mas também considerando o autor da obra, suas implicações enquanto escritor e ator social, em seus contextos históricos, culturais e políticos, nos remete as seguintes indagações: Que leitor queremos formar? Um leitor escolar ou um leitor de literaturas? Que condições metodológicas podem contribuir para a formação de leitores? O que influencia a escolha das obras, por parte dos alunos? Assim, dentre tantos significantes e significados, uma relação significativa entre aluno e literatura pode ser proporcionada por meio de uma prática de leitura literária pautada na dialogicidade, na Estética da recepção, oportunizando um encontro íntimo entre o leitor e a obra. A metodologia aplicada foi de ordem qualitativa, pois nos possibilita a partir de um contato face a face compreender melhor como a criança formula um sentido ao mundo que a rodeia. Observamos durante um semestre, experiências de leitura em uma escola da rede privada do município de Campina Grande, tendo como público alvo crianças do 2º ano do Ensino Fundamental (faixa etária entre 6 e 7 anos) as quais nos oportunizaram a coleta de registros fotográficos e audiovisuais, além das rodas de conversa e relatos (experiências literárias) vivenciados e escritos pelos e com os alunos. Os dados empíricos obtidos na pesquisa-ação foram analisados a luz de autores da linha temática, em estudo, tais como: Alves (2014), Rouxel (2013), Petit (2009), Colomer (2007). No entanto, foi possível consolidar a importância da cultura literária no ambiente escolar a partir do confronto entre nossas experiências pedagógicas e leituras fundamentadas em autores que “clamam” por mudanças nas práticas escolares diante do atual cenário leitor.