A leitura, muitas vezes, é uma prática que precisa ser estimulada desde a mais tenra idade, tanto no contexto familiar, quanto no escolar. De acordo com Martins (2003), “quando começamos a estabelecer relações entre experiências e tentamos resolver os problemas que se apresentam, então estamos procedendo à leitura, as quais nos habilitam a ler toda e qualquer coisa”. Nessa fundamentação, é possível evidenciar que a prática da leitura não se resume apenas à decodificação do signo escrito, mas se abre em um leque de possibilidades inserindo imagens, sons, gestos e tantas outras interpretações de mundo. Transpondo esse procedimento para o contexto escolar, percebe-se que nos anos iniciais, da pré-escola ao 5º ano, o contado com a leitura, além de acontecer de forma bastante lúdica, ocupa também um espaço privilegiado nas aulas. Entretanto, quando os alunos vão avançando nos anos, ao invés de se intensificar esse trabalho, o espaço é dedicado às atividades voltadas a assuntos meramente classificatórios, conteudistas e até mesmo descontextualizados da realidade e faixa etária dos alunos, configurando o ato de ler como obrigação. Para Lajolo (1993), “ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.”. Assim, ao repensar nesse contexto e na responsabilidade que os anos iniciais assumem na formação leitora do discente, surgiu a ideia de vivenciar essa prática na turma de 6º ano do Ensino Fundamental I de forma mais próxima ao cotidiano dos discentes com objetivo de despertar não só o gosto pela leitura, mas também o empoderamento que ela pode proporcionar, rompendo também com o pressuposto de que escola privada apenas se atém ao conhecimento livresco mecânico, disposta a preparar o aprendiz sobretudo para a universidade. Nessa perspectiva, o trabalho foi conduzido por meio de atividades extraclasses como, por exemplo, oficina de contação de piada, de poemas em verso e prosa, produção de mangás, criação de um canal no YouTube em que foram postadas–pelos próprios alunos - memórias de leitura, sugestões e desafios de leitura, reprodução, por meio do aplicativo anime maker, das leituras sugeridas em sala de aula. A vivência dessas atividades de apreciação literária–e de recriação textual–proporcionou momentos de reconhecimento do discente como protagonista de sua aprendizagem e como leitor-autor e acima de tudo despertou o gosto pela leitura, uma vez que os sujeitos aprendentes se descobriram capazes de ler, compreender, interagir e recriar os textos, utilizando, inclusive, multimídias e ferramentas tecnológicas que fazem parte de seu mundo. Como resultados físicos, tivemos festivais e torneios de piadas, saraus, mangás e vídeos produzidos pelos próprios alunos, com apresentações para outras turmas e para os pais, visando o objetivo de fazer reverberar para a família as atividades educativas que os filhos vivenciam dentro dos muros escolares.