Os estudos linguísticos funcionalistas se propõem a analisar os aspectos gramaticais da língua em uso, considerando o contexto discursivo. Inclui-se, nessa realidade, a análise das sentenças complexas, a qual não deve se limitar ao nível interno das frases, mas deve considerar as funções discursivas (MATHIESSEN; THOMPSON, 1987). Para a realização da presente pesquisa, adotamos como objeto de estudo a hipotaxe adjetiva, encontrada em redações produzidas por candidatos a vagas em dois processos seletivos de instituições brasileiras de ensino. O corpus constitui-se de uma amostra de 200 redações, sendo 100 delas de candidatos a vagas no ensino técnico integrado, portanto, egressos do ensino fundamental, e 100 redações de candidatos a vagas no ensino superior, portanto, egressos do ensino médio. Concordamos com a hipótese defendida por Mathiessen e Thompson (1987, p.37) de que a cláusula que se combina na gramática evoluiu como uma gramaticalização das unidades retóricas. Nossos objetivos são: analisar as relações retóricas das orações hipotáticas adjetivas, introduzidas pelo pronome relativo “o que”, e identificar as funções sintáticas e semântico-pragmáticas desse pronome nas orações analisadas. Além desses autores já citados, nosso embasamento teórico envolve outros autores funcionalistas, como Halliday (1985), Givón (1990), Hopper e Traugott (1993), Decat (2011; 2014), Neves (2007; 2014), que também abordam as relações entre as orações complexas. Os resultados confirmam as afirmações de que a hipotaxe adjetiva tem importantes funções argumentativas na organização retórica do discurso e o pronome relativo “o que”, além de fazer a conexão entre as orações, assume a função de retomada da oração nuclear completa e, ainda, uma função sintática na oração satélite.