MENDONÇA, Karla Jeniffer Rodrigues De. Essa história é de verdade professora?. Anais VI ENLIJE... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/25972>. Acesso em: 23/11/2024 17:48
Ler, contar e ouvir o que se conta como práticas educacionais, pode ser revelador aos ouvidos adultocêntricos frente aos conhecimentos e memórias infantis. Os contos, estando presentes nos livros didáticos e na diversidade do material literário no contexto escolar, promovem contações e reconhecimento de memórias, porém alguns por afirmar sua alteridade, são descartados da prática pedagógica, como os Contos do Sagrado Religioso. Nos momentos de leitura e contação de histórias que acontecem no mínimo 3 vezes por semana no 4° ano do ensino fundamental de uma escola pública da periferia de João Pessoa, os contos que envolvem o Sagrado na literatura infantil contemporânea foram incluídos, sendo estes: Aguemon de Carolina Cunha; Nina África de Leonice Gomes, Arlene Holanda e Clayson Gomes; O Maluco do Céu de Anna Gobel; Um Senhor muito velho com umas asas enormes de Gabriel Garcia Márquez e Carme Solé Vendrell; A origem do mundo de Maria Augusta M. Randon; Rei Gilgamesh de Ludmila Zeman; O segredo da chuva de Daniel Munduruku; O pescador, o anel e o rei, conto popular recontado por Bia Bedran. Este processo valorizou e analisou a representação das crianças, como leem o mundo frente ao sagrado, como os compreendem a partir de sua cultura religiosa e os relacionam com o contexto social. Histórias contadas e escritas deste universo Sagrado foram apresentadas pelas crianças, reafirmaram conceitos da identidade religiosa que participam, revelando questionamentos críticos em relação a diversidade e diferenças, procurando explicar os fatos misteriosos e curiosos do mundo. Surgiram ainda termos pejorativos e estranhamentos expressados individualmente, muito associado com o que internalizaram das suas relações inter e intrageracionais em sociedade. Este trabalho desenvolveu-se a partir da protagonismo das crianças e mediação da docente na leitura e contação dos contos envolvendo o sagrado religioso de algumas culturas como africana, grega, indígena, cristã ocidental, com sua origem na cultural oral mas que sua essência foi mantida e recontada nos livros da literatura infantil por editoras consideradas laicas.