Os contos de fadas têm sido contados e recontados durante muitas décadas, suas histórias continuam a enriquecer o imaginário de crianças que se deleitam nos encantamentos das narrativas de princesas, como Cinderela e Rapunzel. Através da leitura desses clássicos é perceptível observar que os traços europeus sempre nortearam a caracterização da imagem das princesas, bem como a estrutura dessas narrativas. No intuito de buscar um distanciamento desse padrão tradicional, têm surgido narrativas contemporâneas que propagam o mundo encantado das princesas a partir de um novo modelo de contos de fadas, dessa vez as princesas são negras e algumas desconhecidas em decorrência do longo processo de branqueamento que se consolidou durante séculos nas narrativas clássicas. Porém, ao lado dessas publicações, que estão contribuindo para o (re)conhecimento da memória africana, estão outras de qualidades duvidosas, pois protagonizam princesas negras apenas por um reconhecimento da cor de pele. Então, por compreender a importância dos contos de fadas na constituição do imaginário infantil, bem como seu papel fundamental para a propagação da cultura dos povos, o presente trabalho investiga as recentes publicações em que princesas negras são protagonistas nos enredos literários, realizando uma análise comparativa entre os contos de fadas, do século XIX, e as narrativas contemporâneas, objetivando um estudo acerca dos elementos estéticos que constituem essas obras, bem como a originalidade das temáticas que as norteiam. Para dar suporte a essa discussão, recorremos a teóricos como Zilberman (2003); Prado (2009); Maziero e Niederauer (2009); Oliveira (2010); Mariosa e Reis (2011) e Bento (2014).