Tem-se como objetivo estudar na escrita de alunos da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Fundamental II – Ciclos 3 e 4 - do complexo penitenciário do Serrotão, na cidade de Campina Grande PB, a existência de uma “oralização” da literatura e como essa literatura semiotiza suas histórias e dos seus. Dito de outra maneira, mediante a contextualização de textos produzidos e socialmente relacionados à experiência escolar no contexto penitenciário, intenta-se estudar em que medida as formas de vida dos presidiários moldam seus projetos e obras e como esta indissociável relação encena processos oralizantes da literatura. Por hipótese, entende-se que tal processo potencializa a crítica do estigma ao facultar uma produção de subjetividade que retira o preso dos estratos supostamente não produtivos da sociedade, na medida em que o coloca interatuando com o seu próprio meio, seus costumes e práticas, bem como com uma relação sempre produtiva com os outros que lhe são caros, dentro e fora da prisão. Diretamente associado ao contexto do presídio e ao “capital escolar” do presidiário, a oralização que daí decorre tem com a escrita uma relação ambivalente, de hibridização e ruptura, fazendo daí surgir uma prática singular de escritura. Como base teórico-metodológica, utilizaremos Paul Zumthor (2007), Jean Derive (2012), Henri Merchonic (2014), Adriana Cavarero (2013), Arlindo da Silva Lourenço e Elenice Maria Cammarosano Onofre – Orgs. (2011) entre outros.