“A maior parcela de nossa população, embora hoje possa estudar, não chega a ler. A escolarização, no caso da sociedade brasileira, não leva à formação de leitores e produtores de texto proficientes e eficazes, e, às vezes, chega mesmo a impedi-la.” (ROJO, 2002). Infelizmente, os resultados em diversos exames oficiais apontam para essa triste constatação de Roxane Rojo, no texto “Letramento e capacidades de Leitura para a cidadania”. Com o objetivo de desenvolver uma prática pedagógica cujos resultados pudessem ir na contramão do que diz esta afirmação, foi que, no ano de 2014, desenvolvi todo um trabalho com leitura e produção de textos, a partir de livros literários, numa escola da Rede Estadual de Minas Gerais. O trabalho realizado compreendeu rodas de conversas, leituras coletivas e individuais, interpretação oral e escrita e produção de textos de diversos gêneros, na perspectiva do letrar alfabetizando (Goulart, 2010; 2015). A literatura foi a ferramenta que escolhi para trabalhar a linguagem escrita como objeto cultural. Para Ferreiro (2011, p.99) “a língua escrita é muito mais que um conjunto de formas gráficas, é um modo de a língua existir, é um objeto social é parte do nosso patrimônio cultural.” Quando a criança se apropria da escrita como objeto cultural, ela se torna apta a usá-la socialmente, em contextos variados e de maneira competente