Introdução: O envelhecimento da população tornou-se um grande desafio para a saúde pública. Em decorrência do importante aumento demográfico nesse segmento da população, surgiu um novo perfil de enfermidades, como doenças crônicas e outros agravos à saúde comuns nessa faixa etária. Dentre esses agravos, ressalta-se a violência contra os idosos, sendo um dos tipos mais comuns de violência a essa população os maus-tratos e a negligência. Segundo a Organização Mundial de Saúde, maus-tratos e negligência são uma ação única ou repetida, ou a ausência de uma ação devida, que causa angústia ou sofrimento, e que ocorre em uma relação em que haja expectativa de confiança. No Brasil, a negligência é uma das formas de violência mais presentes no contexto doméstico, resultando em traumas físicos, emocionais e sociais para os idosos.Objetivo: Avaliar o número de notificações de casos de negligência e abandono em idosos no Brasil e analisar a evolução dos casos notificados.Metodologia: Estudo exploratório examinando o banco de dados DATASUS, Ministério da Saúde. Os dados utilizados foram provenientes do SINAN, Sistema de Informação de Agravos de Notificação, no período de 2010 a 2012. A população estudada correspondeu a pessoas com 60 anos ou mais. Como variável independente, foi considerada o ano da 1° notificação, e como variável dependente, a evolução do caso.Resultados: Nos três anos estudados, foram notificados 4304 casos de negligência ou abandono em idosos, sendo 19% (n=820) em 2010, 33% (n=1422) em 2011, e 48% (n=2062) em 2012. Analisando a evolução dos casos, 65,2% (n=2807) dos casos evoluíram para alta. Ocorreu evasão ou fuga em 1,9% (n=81) dos casos. Evoluíram para óbito em decorrência da violência 1,4% (n=60), e 2,3% (n=99) dos casos evoluíram para óbito por outras causas. 29,2% (n=1257) dos casos tiveram a evolução do caso considerada ignorada ou em branco.Conclusão: Conclui-se que ocorreu um aumento nos casos de notificação de negligência ou abandono em idosos no Brasil. Esse aumento por estar relacionado a uma diminuição nos índices de subnotificação por esse tipo de violência. Analisando a evolução dos casos, percebe-se que, apesar da maioria dos casos terem evoluído para alta, houve casos registrados de óbitos por violência. Percebe-se ainda um índice elevado de registros incompletos, havendo um número relevante de casos com informações sobre a evolução do caso em branco ou ignorada. É preciso investir em políticas públicas para incentivar tantos os profissionais de saúde como a população em geral a denunciar casos de negligência ou abandono em idosos, além de campanhas educativas para combater esse tipo de violência.