A proposta para esta comunicação é apresentar um projeto em desenvolvimento no Programa de Mestrado Profissional em Letras - Profletras/Assu RN. A discussão está respaldada na seguinte problematização: Os textos verbais e não verbais inseridos em um livro do didático do 8º ano, são representativos da diversidade cultural constituinte das diversas etnias brasileiras? Esse questionamento produz sentidos por compreendermos que na história do povo brasileiro, não há como negar ou ignorar as relações de poder travadas entre as diferentes matrizes culturais e raciais que originaram o território brasileiro. Sendo o livro didático um dos principais instrumentos utilizados pela maioria dos estudantes de escolas públicas brasileiras (SILVA, 2005), acreditamos que os discursos subjacentes aos conteúdos presentes nos livros, que circulam na escola, ajudam a construir valores e naturalizar conceitos positivos ou negativos a respeito de uma dada cultura, um dado grupo social. O que, dependendo do enfoque abordado, pode direcionar crianças e jovens a se identificarem, sentindo-se prestigiados ou desvalorizados, socialmente (RAMOS-LOPES, 2016). Metodologicamente faremos uso de uma abordagem qualitativa, por meio da pesquisa ação, em seu caráter intervencionista (THIOLLENT 2008). Os sujeitos colaboradores são discentes do 8º ano de uma escola pública da cidade de Beberibe, CE. O embasamento teórico será a partir de pesquisas na área de leitura Keiman (1989, 1996) e Solé (1998); da Linguística Aplicada (LA) focando a vertente contemporânea da LA crítica, hibrida mestiça, indisciplinar e transgressiva (MOITA LOPES, 2006); dos estudos culturais e da educação, destacando-se pesquisas sobre etnias e identidades (BAUMAN, 2005 a 2009; CUNHA JR., 2008 a 2010; CAVALEIRO, 2005, GOMES, 2001, 2006; GUIMARÃES, 2002 a 2007; HALL, 2003 e 2005; MUNANGA, 2006 a 2009, RAMOS-LOPES, 2010-20156). O trabalho oportunizará discussões, produções e reflexões que muitas vezes são silenciadas no ambiente escolar, trazendo um olhar crítico sobre a temática da diversidade cultural e racial. Nossa compreensão é que promover o debate mostrando ao aluno, negro e não negro, a importância e as contribuições da cultura africana para a construção do nosso país, é um dos caminhos para a formação de cidadãos sem racismo e preconceitos, dentro e fora dos muros escolares.