Este trabalho versa sobre a formação policial militar baseado em uma pesquisa realizada com soldados da Polícia Militar da Paraíba (PMPB) para conclusão do Mestrado no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Campina Grande (PPGCS-UFCG). A pesquisa foi desenvolvida entre outubro e dezembro de 2013, no 10° BPM (Batalhão da Polícia Militar) e no 2° BPM-PB, localizados na cidade de Campina Grande-PB. Na oportunidade, a interiorização do estilo de vida militar é analisada a partir da estrutura metodológica do Curso de Formação de Soldados (CFSd). A metodologia é qualitativa e lança mão de entrevistas realizadas a partir de um roteiro semiestruturado. Referenciais empíricos e teóricos da área da Segurança Pública brasileira e das Ciências Sociais, tais como Balestreri, Goffman e Foucault fornecem o suporte teórico para a discussão dos dados. A pesquisa aponta que o processo de formação na Polícia Militar se assemelha àqueles das instituições do tipo “Totais” e revelam que as técnicas de disciplinarização norteiam a formação policial e marginalizam uma educação humanística, proposta pela Matriz Curricular Nacional, em detrimento de outra, adestradora. O estudo contribui para pensar a educação da polícia brasileira cujos discursos e práticas interiorizados nos CFSd’s denotam as contradições de uma educação orientada pelo currículo oculto empregado nas categorias militares “Muídos” e “Semana Zero”. Apesar dos esforços e investidas na formação orientada para a cidadania, os discursos e os métodos dos CFSd’s brasileiros ainda têm a violência psicológica e física enquanto técnicas primordiais de socialização dos soldados. O tema, amplamente discutido, longe de constituir uma realidade paraibana está incrustado nas academias da Polícia Militar de todo o país. A necessidade de rediscuti-lo hoje, é tão relevante quanto foi no período áureo da redemocratização do Brasil.