O presente artigo toma como objetivo principal desenvolver um estudo acerca do entendimento dos manuais de comportamento/guias "Biblioteca do Lar", "Enciclopédia do Lar e da Arte Culinária" e "Dicas e Conselhos Práticos para o Lar", sobre a divisão, entre os membros da família, dos afazeres domésticos na esfera doméstica, na sociedade brasileira, 1960/1970. Durante a década de 1960, a mulher era pensada para o reduto do lar, e sua felicidade era associada ao casamento, maternidade e afazeres domésticos. As prendas domésticas eram de fundamental importância para que a mulher fosse considerada uma boa dona de casa. Busca-se problematizar as implicações que essas atividades cotidianas teriam no relacionamento da família, especialmente entre marido e esposa. Seria a mulher a única associada aos afazeres domésticos ou poderia contar com a ajuda do marido e filhos para realizá-los? Será abordada, também, a utilização dos manuais de comportamento/guias como fonte para o campo da pesquisa histórica. Os guias práticos designados essencialmente para o público feminino, contendo temáticas relacionadas ao âmbito doméstico e relacionamento com a família e consigo mesma, apresentam-se como uma fonte para o campo da pesquisa histórica visando analisar o processo de construção da relação entre a mulher e o ambiente da casa, na segunda metade do século XX, no Brasil. A sua leitura pode auxiliar a compreensão de quais eram os comportamentos, os valores, a educação, esperados para o sexo feminino e o sexo masculino, na sociedade brasileira, na referida época.