A paternidade, em psicanálise, é definida como a função capaz de transmitir a lei e os interditos próprios da cultura, bem como, de exercer o corte na simbiótica relação da mãe com o seu bebê. Já nas obras de ficção, temos diversos personagens que representam a função paterna como meros coadjuvantes da vontade e desejos de seus filhos, ora ajudando-os a realizar seus intentos, ora tentando burlá-los por meio de um tipo de suposta autoridade que não inspira, nem mesmo, um pequeno temor. É certo que, em vista das mudanças sociais, estes pais fictícios não tenham um papel significativo nas histórias das quais fazem parte e, consequentemente, não sejam vistos como parte integrante da trama. Entretanto, Lorde Tywin Lannister é o completo oposto disso, o personagem da série As Crônicas de Gelo e Fogo, escrita pelo norte-americano George R.R. Martin, entre 1996 à 2016, oriundo de uma época de signos medievais, se coloca como o principal controlador do destino de sua família, decidindo o que é melhor para que seus interesses sejam alcançados, ou seja, age como um nobre, chefe de família aristocrata medieval. Por isso, numa conexão entre a psicanálise de base klainiana e a literatura infanto-juvenil, nossa pesquisa pretende analisar a ambivalente relação deste pai com dois de seus três filhos, enfatizando a forma como ele comparece, enquanto autoridade representante do patriarcado e os resultados de suas atitudes no desenvolvimento psíquico da prole.