O presente trabalho pretende adentrar a discussão sobre as configurações históricas gendradas e racializadas da estrutura do trabalho doméstico no Brasil. Busca, especificamente, desenvolver um pensamento acerca da extensão das implicações de raça e gênero para a formação desta relação de trabalho e poder a partir de importantes teóricas de gênero, feminismo, negritude e anti-racismo. Como metodologia utilizou-se da técnica de revisão da literatura. Isto é, em outras palavras, a nossa pesquisa foi bibliográfica. O método, por sua vez, considerou as perspectivas decoloniais e pós-identitárias. Neste sentido, buscou-se referencial teórico em Telles (2010), Gonzales (1984), Carneiro (2003), Evaristo (2015); possibilitando a concepção de que o trabalho doméstico recai principalmente sobre as mulheres negras. A partir disto, fez-se necessário pensar sobre estas sujeitas com Lugones (2014), Butler (2015) e Spivak (2010). Concebeu-se que a discussão sobre a formação do trabalho doméstico inclui o debate acerca das mulheres negras, demandando assim ruptura com os arquétipos da modernidade colonial. Isto porque se tratarmos mulher e negro como categorias unitárias, homogenêas e cindíveis; as mulheres negras, que são sempre intersecção entre as categorias, se tornam invisíveis, são excluídas da análise. Portanto, estudar as sujeitas subalternas na relação do trabalho doméstico torna imperativo transbordar o mundo binário das identidades sólidas, rígidas, dicotômicas e binárias. E, também, insurgente a organização de uma epistemologia de resistência a organização tradicional de poder, do discurso, do conhecimento e dos corpos. Esta pesquisa, portanto, pretende desvelar a compreensão da constituição deste grupos e das relações de poder que lhes são a eles inerentes.