O presente artigo tem como objetivo tecer algumas considerações sobre as pesquisas na área da história da educação que têm utilizado os documentos oficiais – leis, decretos, relatórios e demais documentos da administração pública, como fonte em seus trabalhos. Inicialmente consideradas como o próprio documento histórico em si, essas fontes tiveram seu status modificado muito em razão do movimento dos Annales, que ampliaram a noção de fonte e consideraram o uso destas insuficientes para as explicações históricas dos fenômenos. Após um período de ostracismo no uso dessas fontes, consideradas como unilaterais e tendenciosas, há um esforço nas últimas décadas em pensá-las em suas várias dimensões e relações. Tais fontes são interpretadas nas pesquisas atuais como materiais fundamentais para a produção e sistematização do conhecimento histórico. Compreende-se que a utilização dos documentos oficiais como fonte nos permite visualizar um panorama da sociedade como um todo, envolvendo questões não apenas educacionais, mas oferecendo subsídios para refletir aspectos do cenário socioeconômico, político e cultural de um dado período. É nesse cruzamento equilibrado entre contexto, fontes e interpretações que pesquisadores têm realizado profícuo esforço ao inquirir esses materiais. Buscamos discutir a utilização desses documentos em diálogo com os autores recentes que também veem no seu uso uma fonte essencial aos estudos históricos, especialmente no tocante a história da educação. Dessa forma, esse trabalho de caráter bibliográfico percorre uma discussão sobre fontes históricas – renovação do conceito, importância, e o modo como alguns autores tem discutido a utilização das normativas oficiais nos estudos em história da educação.