A iatrogenia é um dos gigantes da geriatria, é multifatorial e constitui-se num desafio para a saúde pública, vista em todos os níveis de atenção mas analisada aqui na atenção primária. A preocupação com a iatrogenia medicamentosa em idosos é crescente e exige um olhar diferenciado, haja vista o aumento da prevalência de doenças neuro degenerativas (Parkinson e Alzheimer) e psiquiátricas (depressão e ansiedade) e principalmente doenças cardiovasculares neste grupo. A atuação médica e de enfermagem com foco para a polifarmácia certamente diminuirá o impacto das complicações iatrogênicas apresentadas pelos idosos hospitalizados, em tratamento ambulatorial ou domiciliar. O profissional médico e enfermeiro do serviço de atendimento domiciliar e hospitalar em João Pessoa-PB que realizou este trabalho tem observado um descompasso entre a necessidade de tratamento e o uso de medicamentos. O gigantesco desenvolvimento da indústria farmacêutica, a proliferação de novos medicamentos disponíveis na prática clínica de saúde, ações imprudentes ou negligentes de profissionais sem ética ou com deficiência técnica, constituem o cenário da iatrogenia. Também participam outros fatores relacionados ao indivíduo e sua cultura como: veiculação de propaganda de medicamentos nas mídias, com informações confusas e incompletas à população leiga, com a utilização de artistas e atletas que “vendem ilusões”, facilidade de compra, falta de controle pelos órgãos reguladores, o que culmina com a polifarmácia nos idosos. O objetivo deste trabalho foi de relatar a experiência dos profissionais de saúde (médico e enfermeiro) acerca dos vários casos de polifarmácia relacionadas a iatrogenias em idosos levando a agravos mais prevalentes nesta faixa etária e assim ampliar o raciocínio para todos os idosos e profissionais de saúde que acompanham essa situação. Assim, seria possível incentivar a criação de uma tabela de medicamentos para controle eficaz, alertar profissionais de saúde, população em geral sobre os riscos e promover a discussão sobre o tema em todos os níveis do sistema de saúde. Acidentes medicamentosos às vezes são imprevisíveis ou dificilmente dissociados da ação terapêutica desejada. Como fator complicador, idosos e seus cuidadores, geralmente não tem consigo as receitas ou cópia das mesmas, sequer sabem informar o nome dos medicamentos que fazem uso. Os cuidadores e a família tem marcada participação no tratamento e na gênese das iatrogenias medicamentosas. Cabe a eles a missão de relatar quaisquer mudanças do padrão comportamental no idoso, durante o tratamento em curso, como: perda de apetite, confusão mental, alterações fisiológicas e sensoriais. Certificar que todas as drogas em uso têm indicação clínica, não podem ser substituídas por outras de menor toxicidade ou medidas não farmacológicas, estão na menor dose eficaz para aquele indivíduo e sendo utilizadas conforme orientação. Conhecer os efeitos colaterais possíveis de cada medicamento prescrito e orientar o paciente a ajudar a identificá-los; não trate sintomas secundários a efeitos colaterais com outras medicações (“cascata de prescrição”).