O Hiperparatireoidismo primário (HPTP) acomete preferencialmente indivíduos entre 50 e 60 anos, em especial o sexo feminino. Em cerca de 85 a 90% dos casos atribuísse como causa principal o adenoma solitário de paratireóide. A nefrolitíase ocorre em cerca de 20% dos casos, alterações ósseas em aproximadamente 30% e em menor percentual manifestações neuropsiquiátricas e/ou neurocognitivas. Objetivo: Relatar um caso de hiperparatireoidismo primário em uma paciente idosa que erroneamente estava sendo tratada como caso de osteoporose, a qual teve um desfecho desfavorável culminando com nefrectomia direita e a perda temporária da função renal. Metodologia: Relato de caso através do estudo do prontuário. Resultados e Discussão: Paciente do gênero feminino, 78 anos, apresentava quadro de dor lombar e astenia. Diagnosticou-se osteoporose mediante exame de densitometria óssea pelo método DXA durante consulta clínica, sendo prescrito na ocasião reposição de vitamina D (400µg) e carbonato de cálcio 400mg. Após 6 meses do início das medicações, paciente cursou com fortes dores lombares, pielonefrite por nefrolitíase, abscesso renal culminando em nefrectomia direita. Após o quadro supracitado estabeleceu-se tratamento hemodialitico por 3 meses, com melhora parcial da função renal seguida de alta da terapia dialítica. A reposição de cálcio e vitamina D foram suspensas. Procedeu-se assim à investigação laboratorial que evidenciou elevação dos níveis séricos de cálcio (14 mg/dL), fósforo (6mg/dL) e de paratormônio (285 pg/mL), além de níveis normais de vitamina D (35 ng/mL), configurando um quadro sugestivo de hiperparatireoidismo primário. Realizou-se cintilografia por SESTAMIBI-99mTc que identificou nódulo hipercaptante com características de adenoma. Tais achados levaram ao diagnóstico de hiperparatireoidismo primário causado por adenoma de paratireoide. A paciente foi então submetida à procedimento cirúrgico e à biópsia de congelamento da lesão. Esta revelou características benignas, afastando a hipótese de carcinoma. Após a ressecção do nódulo, observou-se normalização dos níveis de paratormônio, cálcio, fósforo e melhora das fortes dores lombares previamente referidas. A paciente permanece em acompanhamento ambulatorial da função renal, com níveis pressóricos adequados, analgesia e fisioterapia para alivio das dores lombares. Conclusão: Este estudo demonstrou que o uso indiscriminado da reposição de cálcio e vitamina D em pacientes idosos sem a prévia avaliação clinica adequada resultou, em conseqüências desastrosas à paciente. Percebe-se que a análise prévia dos níveis de paratormônio, cálcio, calciúria, vitamina D e fósforo durante avaliação clínica, são fundamentais antes da terapêutica de reposição de cálcio e vitamina D em pacientes idosos erroneamente diagnosticados. Desta forma, minimiza-se os riscos de desfechos desfavoráveis e usualmente fatais, decorrentes de práticas medicas incompletas e, portanto, inadequadas para população geriátrica.