Objetivamos, neste texto, pensar as representações das identidades dos idosos da Universidade Aberta à Maturidade (UAMA) na cidade de Campina Grande a partir das experiências nas aulas da disciplina História, Memória e Atualidades. Desta forma, iremos refletir sobre o envelhecimento humano não apenas sobre os aspectos das Ciências da Saúde, mas a partir da educação, instrumento assegurado pelos artigos 20 a 25 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10741/2003), como uma ferramenta de reinserção e visibilidade social.
A importância desse debate apresenta-se pela possibilidade de discutir as questões que envolvem o envelhecimento humano e as representações das identidades dos sujeitos idosos na contemporaneidade, construídas no íntimo das ciências humanas e da educação, vista a partir da interdisciplinaridade e como perspectiva de melhoria de vida. Teoricamente nos baseamos nas propostas do teórico cultural e sociólogo Stuart Hall para conceber os sujeitos não mais como detentores de identidades unificadas e estáveis, mas, como indivíduos que são compostos, a partir de identidades distintas, múltiplas, contraditórias ; e Norbert Elias, para refletir sobre as várias maneiras de lidar com a aproximação da finitude da vida do ponto de vista social . Michel de Certeau nos ajuda a pensar as formalidades institucionalizadas através do conceito de práticas, que possibilitam estratégias de ação e empregos das regras nas ações cotidianas dos sujeitos. Analisaremos a produção de atividades em sala de aula, os relatos escritos dessas atividades que envolveram questionamentos relacionados às identidades dos idosos e escritas de si.
Com aprovação do projeto em 2008 pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) e criada através da Comissão Institucional Especial para formação Aberta à Maturidade (CIEFAM) também no intuito de agregar os demais programas voltados aos idosos na UEPB, a UAMA tem como meta atender uma demanda que emerge na contemporaneidade, que é o atendimento à pessoa idosa, buscando contribuir no acolhimento a esse público: pessoas a partir de 60 anos de idade, através da formação educativa para melhorias das capacidades pessoais, funcionais e socioculturais e do convívio em grupo e inserção e reinserção desses idosos como sujeitos socialmente ativos. O curso possui duração de dois anos letivos com carga horária de 1400 horas. Seguindo uma tendência que se estabelece a partir da década de 80 do século XX no Brasil de se pensar a pessoa idosa a partir de uma série de preocupações voltadas a esses indivíduos por parte do governo e das instituições. A UAMA, pois, se apresenta como um exemplo de programa institucional que trabalha a educação com a finalidade de promover a valorização das pessoas idosas para que possam enfrentar o processo de envelhecimento através outras perspectivas.