Background: A vivência de Eventos de Vida Estressores (EVE) durante a velhice tem sido cada vez mais associada ao declínio cognitivo precoce, principalmente das funções executivas, responsáveis pelo comportamento autônomo. No entanto, poucos estudos têm investigado este fenômeno no contexto comunitário de idosos saudáveis. Objetivo: Esta revisão de literatura sistemática tem como objetivo descrever o estado da arte da literatura científica internacional sobre a contribuição dos EVE nas alterações das funções executivas em idosos saudáveis inseridos na comunidade. Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura de artigos científicos, publicados na base de dados Scopus, nas línguas portuguesa, inglesa ou espanhola, no período de 2000 a 2015, com apenas estudos epidemiológicos populacionais observacionais de idosos inseridos na comunidade. Após seleção dos resumos a partir de palavras-chave, os artigos foram lidos e sintetizados num quadro síntese, de acordo com as seguintes categorias: objetivos, desenho de estudo, população, instrumentos, principais resultados, hipóteses teóricas, limites e pontos fortes. Por fim, foi realizada uma análise comparativa entre os achados e relacionados à literatura. Resultados: Dos 92 artigos encontrados, apenas 19 foram selecionados através dos resumos e após leitura completa dos artigos, apenas 06 atenderam a todos os critérios de inclusão. Os artigos retratavam apenas o contexto de países desenvolvidos e foram publicados entre os anos de 2007 e 2014, somente em língua inglesa. A maioria era coorte, abrangia população entre 30 e 85 anos, do gênero feminino e escolaridade média a alta. Majoritariamente, os estudos apontaram para a associação entre os EVE e o baixo desempenho em testes de funções executivas. Ainda que os tipos de EVE investigados e os testes neuropsicológicos utilizados tenham sido variados e dificultado a comparabilidade, os artigos apontaram para um declínio das funções executivas quando os idosos vivenciavam EVE ao longo do curso de vida. Estes estudos corroboram a hipótese da ação neurotóxica de hormônios estressores no Sistema Nervoso Central, principalmente no envelhecimento. Conclusão: Estes achados contribuem para a investigação da heterogeneidade da vivência do estresse na velhice e seu papel no declínio das funções executivas. A escassez de estudos brasileiros evidencia a necessidade premente de pesquisas no país, considerando o contexto de envelhecimento populacional e aumento de prevalência de doenças neurodegenerativas associadas à velhice. Esta revisão de literatura é a primeira a sistematizar o conhecimento acerca da associação entre EVE e desempenho em testes de funções executivas entre idosos saudáveis inseridos na comunidade.