INTRODUÇÃO:
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) exige dos governos e dos profissionais de saúde competência transmitir a importância do sexo seguro. Diante do avanço da epidemia, os idosos são alvo de grande preocupação, por serem uma população fisicamente fragilizada e de abordagem mais complexa. Os avanços médicos e tecnológicos favorecem o envelhecimento saudável e com qualidade de vida, inclusive prolongando a atividade sexual. Associado a isso, tabus sobre a sexualidade na velhice podem contribuir para o aumento alarmante de casos de AIDS em idosos. A sexualidade faz parte da existência do indivíduo em qualquer idade, permitindo a vivência de diferentes possibilidades de comunicação, afeto e prazer. No idoso com AIDS há uma perda 15 anos potenciais de vida e a doença apresenta um índice de letalidade de 43,9%. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo descrever a epidemiologia da AIDS em idosos no nordeste brasileiro.
METODOLOGIA:
Estudo descritivo, transversal. Utilizou-se dados secundários, obtidos através do Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde, referentes às notificações de casos de AIDS em idosos na
região Nordeste. Considerou-se como idosos indivíduos com idade mínima de sessenta anos, conforme corte etário utilizado pela Política Nacional do Idoso. Foi estabelecido para análise o período entre 2004 a 2014. As notificações foram analisadas por sexo, ano de notificação e Unidade da Federação.
RESULTADOS:
No período estudado, foram notificados 1581 casos de AIDS entre idosos na região Nordeste, o que representa uma incidência de aproximadamente 29 casos para cada 100.000 idosos. Ao longo dos anos, nota-se aumento gradativo de casos notificados, exceto no em 2014, ano em que os dados disponíveis são referentes apenas ao primeiro semestre. Comparando-se o ano de 2013 com o ano de 2004, a quantidade de casos aumentou aproximadamente seis vezes. Quanto ao sexo, 66,9% dos casos foram notificados em homens idosos. Em todos os estados a proporção foi maior no sexo masculino do que no feminino. Entretanto, enquanto nos homens o aumento ao longo dos anos foi de 270%, nas mulheres chegou a 530%. Em termos absolutos, os estados que mais notificaram foram a Bahia (345 casos) e Pernambuco (344), e os que menos notificaram foram Alagoas (79) e Sergipe (67). Entretanto, com relação à incidência, Pernambuco foi o que apresentou maior taxa (36,7/100.000), seguido do Maranhão (36,6/100.000). Além destes, outros estados que apresentaram taxas acima da médica regional foram Sergipe (36/100.000), e Rio Grande do Norte (32,7/100.000). Os estados com menor incidência foram Bahia (23,8/100.000) e Paraíba (21/100.000).
CONCLUSÕES:
Diante dos achados, é imprescindível esforços no intuito de mudar esse cenário da AIDS entre idosos. É fundamental a realização de outros estudos a fim de se conhecer a realidade epidemiológica da síndrome para possibilitar ações mais efetivas no enfrentamento dessa morbidade. Ações de promoção de saúde sexual e prevenção de DSTs também são recomendadas, além de atividades com objetivo de provocar, aos poucos, uma
mudança cultural no que concerne a atividade sexual na idade tardia, desmitificando tabus e promovendo a prática do sexo seguro.