O presente trabalho tem como objetivo discutir a importância da leitura decolonial de Conceição Evaristo no processo de formação crítica de leitores no contexto do ensino médio, bem como explorar práticas transgressoras de leitura literária para além do cânone. Para tanto, no que concerne ao aporte teórico, este estudo se debruça, sobretudo, nas pesquisas de Cosson (2009), Saffioti (1984) e Lugones (2020). Nesse sentido, realizamos a leitura e discussão do conto “Maria”, contido na obra Olhos d’água (2016). Através da leitura literária desse conto, foi possível perceber que Conceição Evaristo denuncia as faces da violência racial e de gênero. A metodologia deste estudo, por sua vez, foi desenvolvida a partir da abordagem qualitativa e da realização de uma oficina de leitura literária. Durante o desenvolvimento da oficina, foi perceptível o envolvimento e protagonismo dos/as estudantes sobre o texto literário, culminando em reflexões e em produções textuais/artísticas com vistas a refletir criticamente sobre a violência de gênero. Os resultados obtidos apontam para a importância de uma formação crítica de leitores na Educação Básica por meio da leitura literária. Além disso, podemos perceber como a literatura pode ser uma ferramenta essencial para debater e questionar a violência racial e de gênero, contribuindo, portanto, para um ensino-aprendizagem crítico e emancipatório.