Através da contação de histórias e de entrevistas com moradores mais idosos das comunidades rurais do município de Jaguaruana-CE, monitores do MEB – Movimento de Educação de Base, construíram narrativas escritas que, em muitos casos foram a primeira forma de uma “história escrita” dessas localidades. O presente trabalho debruça-se sobre estas narrativas, objetivando compreender o esforço empreendido e o significado político de tais produções. Para tanto, lançamos mãos de analisar um volume, publicado em 1996, que contém doze narrativas sobre as origens de bairros e comunidades, além de três cartas e um poema. O texto de apresentação, orienta que não devemos “prescindir em nossa luta da fala, da leitura e da escrita, como suportes fundamentais para uma leitura crítica do mundo e da realidade”. O objetivo cardinal do “Cadernos de Textos” era o de através dos textos, promover a “leitura, escrita e reflexões sobre a origem do no-me das comunidades” Tomando esta premissa, o trabalho investiga as formas pelas quais os textos articulam sua dimensão primeira (estruturar em um texto diferentes narrativas que se propõem a explicar as origens do nome de cada comunidade), com a dimensão política outrora apresentada. Disso, depreendem-se três questões a serem também investigadas: 1. Analisar como as marcas de escrituralidade se apresentam no texto, a saber, co-mo a escrita lida com a dimensão viva da oralidade; 2. Saber em que medida os textos contidos no Caderno abarcam as proposições apresentadas no texto de abertura; e por fim, 3. Compreender o impacto da produção dessas histórias nos sujeitos envolvidos, em específico, nos monitores, responsáveis pelas entrevistas e criação da narrativa escrita. À guisa de conclusão, se reafirma o desejo de que essa pesquisa possa escrutinar mais a fundo as contribuições de tais textos na formação dos participantes do processo.