As reformas educacionais na atual conjuntura brasileira revelam a influência do empresariado nacional e internacional, em colaboração com os governos periféricos do capitalismo e organismos multilaterais, na formulação de projetos e políticas públicas educacionais, processo chamado por Graciella Fabrício (2022) de Neoliberalização educacional. Essas iniciativas resultam em imposições e diretrizes curriculares que são debatidas, questionadas e disputadas por educadores e pesquisadores de todos os níveis de ensino, que buscam reivindicar seu direito legítimo de participar na elaboração e planejamento dos currículos. Os impactos da neoliberalização na formação e prática docente tomam forma na precarização do professor, que abrange aspectos como inserção no mercado de trabalho, carga horária, remuneração e condições laborais. Nesse contexto, as estratégias pedagógicas adotadas pelos professores frente aos desafios metodológicos para as relações de ensino-aprendizagem são limitadas às suas condições de trabalho. Por isso, conforme Yves Lacoste (1976), a Geografia escolar acaba por ser uma disciplina simplória e enfadonha. Conclui-se que é preciso desenvolver políticas públicas educacionais mais eficazes para valorização do professor, de forma a garantir condições materiais para que possam exercer as melhoras práticas pedagógicas, que sejam mais contextualizadas, promovendo a qualidade do ensino de Geografia e o bem-estar dos professores e estudantes, e reformular criticamente o currículo escolar a partir de debates com os professores que estão no chão da escola.