Fazer da prática palco de reflexão pode ser o caminho para professores buscarem possibilidades de se contrapor a hegemonias do pensamento colonial europeu já bastante enraizadas nas práticas dos professores, permitindo não só a melhoria na própria atuação como docente, mas também possibilitando aos estudantes de licenciatura mais envolvimento com a futura profissão. Assim, este trabalho apresenta uma narrativa de prática em que a professora avalia a solicitação da produção de diários reflexivos (ANDRADE; ALMEIDA, 2018) propostos como atividade em uma disciplina de bases pedagógicas da formação docente em uma universidade particular de Minas Gerais. Os diários foram escritos tendo por base a relação entre os textos “oitava e nona carta” de Paulo Freire do livro “Professora sim, tia não” e as vivências dos estudantes na trajetória enquanto alunos e futuros docentes. Tomando por base as contribuições de Maldonado-Torres (2019), Landulfo; Matos, 2022, González (2020) e Hunt (2009) dentre outros que buscam contribuir com o giro decolonial, é possível avaliar como os diários permitem aos estudantes/futuros professores expressarem seus questionamentos acerca das desigualdades que uma educação opressora, bancária e não aberta ao diálogo, como propôs Freire (1997), pode promover e como isso pode ser repensado. Os estudantes relatam como pensam a atuação deles enquanto futuros professores e indicam projetos dos quais já participaram e pretendem utilizar em suas futuras práticas como professores, dialogando com os alunos que tiverem como público.