O estudo se dá a partir de revisão bibliográfica e documental com base nos relatórios de assassinatos de LGBTs na Paraíba disponibilizados pelo Movimento do Espírito Lilás (MEL) e pela Delegacia de Crimes Homofóbicos da Paraíba entre os anos de 2011 a 2014. Procura-se identificar, através da análise de casos, aspectos que caracterizam a violência que atinge a população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e trangêneros (LGBT) a relação destas violências com as opressões de gênero e sexualidade, em meio à conjuntura de uma sociedade conservadora, refletindo acerca dos crimes de ódio contra LGBTs e compreendendo a construção desses relatórios, através da experiência do Núcleo de Extensão Popular Flor de Mandacaru (NEP), como instrumento de visibilidade à questão e de fortalecimento da luta contra tal violência.
Observa-se, a partir desta análise, a descaracterização destes crimes enquanto crimes de ódio, relativizando a condição de vítima dos sujeitos LGBT, assim como o entrecruzamento das opressões de gênero e de sexualidade às opressões de raça e classe social, além do processo de marginalização do trabalho em que esses sujeitos estão inseridos.
Diante dessa conjuntura, enxerga–se a importância de o movimento LGBT "contar os seus mortos" a partir destes relatórios. É através da denúncia da realidade e, relembrando os que se foram de maneira tão brutal por viver sua sexualidade, que o movimento permanece na luta por reconhecimento, respeito e garantia de direitos, fazendo com que essas estatísticas contraponham-se a discursos invisibilizantes que descaracterizam a realidade de violência vivida pela população LGBT.