Este trabalho surge como uma investigação de campo que retrata uma comunidade que se diz evangélica e inclusiva, e, que está localizada na região metropolitana de Recife. Com isso, tentaremos relatar e expor uma comunidade que em sua maioria é composta por lésbicas, gays, bissexuais e travestis que não sentem nenhuma contradição com o fato de serem gays e cristãos. Além disso, muitas funções dentro da igreja são dirigidas por membros que também são gays, como: pastor, presbítero, diácono, obreiros e lideres de ministérios. Essas lideranças, na sua grande maioria, são provenientes de outras denominações evangélica ou católica que deixaram suas antigas igrejas por não poderem expressar a sua identidade sexual nas igrejas de origem. Normalmente, como é sabido, os homossexuais em cultos afro-brasileiros constituem um grupo bastante expressivo (LANDES, 2002; BIRMAN, 1995, FRY 1982). Entretanto, nos últimos 20 anos, principalmente no Brasil, tomam destaques o surgimento de hermenêuticas religiosas próprias que possibilitam a conciliação entre o cristianismo e formas de sexualidade que não é constituída pela norma heterossexual hegemônica. O destaque da nossa pesquisa tem por meta problematizar o surgimento da comunidade CCNE (Comunidade Cristã Nova Esperança) fundada em Recife. Esta comunidade foge dos padrões convencionais ao fortalecer uma hermenêutica que estabelece uma conciliação entre homossexualidade e a vida religiosa, onde seu discurso exalta alguns aspectos sociais e culturais voltados para o público LGBT. De fato, esta pesquisa tem consciência de que, como já foi apontado, existe uma lacuna de estudos sobre a relação entre religiões cristãs e homossexualidade (NATIVIDADE & OLIVEIRA, 2007). Por esta razão, decidimos esmiuçar as relações pré-estabelecidas entre as religiões cristãs e homossexualidade que são consideradas a partir de seus contextos específicos. Deste modo, acreditamos que a Igreja Inclusiva CCNE na cidade de Recife é um mecanismo de enfrentamento daquilo que chamamos de ‘homofobia religiosa’, presente no cenário da capital pernambucana. O que vamos expor trata-se da aproximação entre lésbicas, Gays e travestis em espaços religiosos. Concluímos que, a escolha sexual e a religião não se excluem mutuamente, antes a CCNE admite emergir uma hermenêutica inclusiva de enfrentamento que elimina as tensões entre religião e sexualidade. Assim, deixaremos bem claro as transformações conscientes (ou não conscientes) sociais e culturais, onde finalizaremos apontando uma ruptura com hegemonia endurecida religiosa acontecida em Recife nas últimas décadas.