Resumo
Tem esse estudo o objetivo de analisar a disputa da memória propagada pelas mulheres de militantes de presos políticos, no contexto autoritário (1964-1979), no Ceará. Esse processo mnemônico é seletivo e entra em disputa, fazendo com que as referidas ativistas políticas encontrem na memória recordação uma estratégia que imponha a fala, a lembrança e o silêncio em consonância com os seus ideais utópicos e revolucionários. Os acontecimentos que possam comprometer suas posturas heroicas inclinam-se a ser recalcados, ao passo que os eventos capazes de reforçar uma memória proporcionadora de legitimidade de ações inerentes ao campo político da esquerda tendem a ser exaltados na disputa que se estabelece com os militares. Essa memória, contudo, é marcada pelo discurso de gênero que passa a nortear tais disputas políticas. Tudo isso assume determinadas particularidades no interior das lembranças femininas. Utilizou-se a memória como possibilidade metodológica no campo da história oral, referenciando-se nos estudos de Nietzsche e Pollak.
Palavras-Chave: Disputa de Memória, Mulheres de Militantes Políticos, Prisões, Contexto Autoritário.