O objetivo deste artigo é discutir a formação da inteligência na Epistemologia Genética, estabelecendo interface com a educação em ciências. Para Piaget, a inteligência não é inata, é construída, constitui uma atividade organizadora cujo funcionamento prolonga o da organização biológica e a supera. A criança ao nascer passa a interagir com o mundo através dos reflexos (sucção, audição, visão etc.) que já comportam o jogo complexo dos mecanismos de assimilação e acomodação. Nessa interação entre sujeito e objeto, estes reflexos vão se diferenciando e promovendo mudança: aquisição dos primeiros hábitos, que evolui para reação circular secundaria, e por fim, terciária. Na fase de zero a dois anos ocorre uma descentração do seu corpo, onde ela deixa de ser um corpo determinado por um universo sensorial e passa a ser um corpo entre outros num espaço e tempo sujeito a causalidade. Aqui, nasce o cientista – a experiência para ver, conduta adotada pela criança, nessa faze, para poder atingir seu objetivo implicam: observação, curiosidade, experiência investigativa, abstração reflexionante, o que constitui os pilares da educação em ciências. Essa descentração continuará por toda vida, cabe ao pais e educadores reconhecerem estes estádios, atuando estrategicamente em cada um deles. Portanto, pais e educadores podem ser facilitadores no processo de conquista do conhecimento das crianças, na medida que expõem para elas uma variedade de objetos para manipulação. E, quanto mais material tiver ao seu redor, mais a criança será estimulada a elaborar seus esquemas e a controlá-los para descobrir novas conduta