Dentre os desviantes de um ideal heteronormativo, as travestis são as que mais sofrem discriminações. Essas discriminações, muitas vezes, são reproduzidas nos serviços de saúde, o que faz com que muitas travestis só procurem assistência em último caso. Dentre os desviantes de um ideal heteronormativo, as travestis são as que mais sofrem agressões. Devido a estas constatações, foi desenvolvida uma dissertação que se propôs a dialogar sobre a vivência travesti na busca por saúde dentro do contexto da atenção primária em Natal-RN (2013-2014). Neste trabalho, que se constitui em um recorte da referida dissertação, buscamos discutir a discriminação enfrentada pelas travestis devido ao não uso do seu nome social no espaço da atenção primária em saúde e as pistas para a mudança desse cenário. Os sujeitos desta pesquisa foram travestis da cidade de Natal, num total de sete participantes. Utilizamos como instrumento tecno-metodológico a entrevista em profundidade. Para análise interpretativa das narrativas recorremos à Hermenêutica-Dialética. A partir do diálogo com as narrativas vimos que o conhecimento dos próprios direitos se mostra como uma poderosa ferramenta no acesso à saúde das travestis e no enfrentamento das discriminações enfrentadas no dia a dia. Faz-se urgente um trabalho efetivo na formação dos profissionais de saúde para um atendimento digno e igualitário as travestis, bem como um trabalho educativo com a população travesti, para que essas possam se conscientizar dos seus direitos. Nesse sentido, a Educação Popular, por meios de seus princípios libertadores, aliando dialoguicidade, autonomia, e afetividade, mostra-se como estratégia imprescindível para o alcance de um cuidado humanizado à saúde das travestis, capaz de ser inclusivo, digno e integral. Por fim, espera-se que a pesquisa possa contribuir com o campo do conhecimento acerca do saber-fazer na assistência às travestis, dentro e fora da academia.