A nova Base Nacional Comum Curricular estabelece-se no ano de 2017 como a diretriz mais geral para a estruturação dos currículos da educação básica de todas as redes de ensino público e privado no país. A versão promulgada de forma célere e com pouco debate na sociedade atendeu aos interesses específicos de uma burguesia (organizada pela Frente Todos Pela Educação) ciosa pela produção de currículos escolares alinhados às diretrizes do Capital para a formação escolar da classe trabalhadora como uma das respostas para o agravamento da crise iniciada em 2008 e que abalara o último governo Dilma Roussef. Assim, novas exigências de formação para o trabalho simples são colocadas, com destaque à pedagogia das competências, considerada a espinha dorsal da nova Base. Nesse sentido, esse trabalho pretende identificar e compreender, a partir da reformulação da matriz curricular da Fundação Roberto Marinho, os interesses mais imediatos na formação do trabalhador, agora necessitando ser readequado a um mundo do trabalho cada vez menos regulamentado (vide as contrarreformas trabalhista e Lei das Terceirizações) e que tenderá a aprofundar os níveis de exploração. Situamos a promulgação da BNCC ao contexto do golpe institucional em 2016 e como a educação tem sido um campo de disputas também no aspecto curricular. Pudemos, ainda que de maneira sumária, fundamentar a rede de interesses em que operam agentes da classe dominante e que os apresentam envoltas por ideologias como a do empreendedorismo e da autorrealização de si, a fim de se tornarem hegemônicas e obterem a adesão espontânea da classe trabalhadora.