O agronegócio vem sendo um ator central para a incorporação da terra ao capital, renovando o processo de acumulação primitiva. Trata-se da conversão da terra em ativo financeiro, processo que se vinculada à chamada acumulação por espoliação. A busca por terras orientada pelo capital resulta na constituição de territórios de cultivo agrícola e criação de rebanho. Essa territorialização se sobrepõe ou pressiona outros territórios como aqueles que o próprio poder público instituiu para que os povos e comunidades tradicionais exercem seus meios de vida (como, no caso dos povos indígenas, as Terras Indígenas). O objetivo deste trabalho, recorte de uma pesquisa mais ampla, é apresentar uma proposta metodológica voltada para a classificação e seleção de territórios sobre os quais torna-se necessário direcionar um olhar mais atento sobre as pressões do avanço do agronegócio sobre Terras Indígenas, apontando para conflitos territoriais tanto já identificáveis quanto potenciais. A primeira análise geoespacial focou nos municípios dos estados que compõem o Bioma Amazônico, quanto ao percentual de uso da terra pela agricultura, silvicultura e pastagem o que originou o segundo nível de análise, focada nos municípios do Pará e, posteriormente, a terceira análise na Terra Indígena de Kayaki. Concluiu-se que a utilização de dados geoespaciais e a potencialidade das análises geoespaciais são fundamentais para entender e caracterizar os conflitos territoriais gerados pelos processos de ocupação/privatização da terra e a eficiência ou não das ações de resistência na preservação da biodiversidade e do manejo sustentável dos seus recursos naturais em Terras Indígenas.