O Retrato de Dorian Gray de Wilde é uma obra que está séculos a frente de seu tempo. Ele convida o leitor para dar uma espiada no universo dos homens gays, o que foi bastante ousado da parte de Oscar Wilde se considerarmos a época em que ele foi escrito, a Era Vitoriana. O objetivo deste trabalho é fazer uma leitura do livro levando em consideração a perspectiva da Queer Theory. Tal perspectiva merece ser brevemente descrita a partir de suas origens no feminismo e nos estudos de gênero, i.e, um relato breve da evolução do estudo das questões de gênero se faz necessário antes que possamos estabelecer o que vem a ser a Queer Theory e como poderíamos submeter uma determinada obra literária a uma leitura analítica baseada em tal teoria. Finalmente, vamos direcionar o foco de nossa análise nas questões da performatividade na construção do gênero de uma das personagens do romance de Wilde (Basil Hallward), e nas consequências da transgressão da norma que estabelece gêneros binários “homem”/ “mulher” quando uma personagem gay decide viver o seu desejo dentro da sociedade patriarcal.