Este trabalho desenvolve algumas reflexões sobre a inclusão de uma menina com idade inferior a seis anos, com paralisia cerebral (PC) em uma pré-escola da rede pública de Maceió. Os dados empíricos que sustentam estas reflexões resultaram de pesquisa aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa. A partir de videogravações das interações entre os sujeitos realizou-se a análise microgenética recortando as significações das suas ações e diálogos. Realizaram-se também realizadas entrevistas com profissionais que atuaram com as crianças, compreendidas a partir de Análise de Conteúdo por temas identificados. Tomou-se como referência as perspectivas da professora regente, da auxiliar de sala que atuava com a criança com PC e da professora da sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Percebe-se como há intensa circulação de significados entre as profissionais quando focalizam a prática docente com a criança com PC. O planejamento cotidiano do ensino guiado por diretrizes da secretaria de educação municipal foi percebido como engessado e atingindo a autonomia docente: o caso do brincar como a tarefa primordial guiando a prática docente na pré-escola sofreu rejeição e desconfiança em seus efeitos de promoção da aprendizagem e do desenvolvimento das crianças. As interações entre as profissionais e a crianças com PC revelaram não apenas a paulatina desmistificação da condição de vulnerabilidade deste sujeito como também do alcance das intervenções pedagógicas a ela dirigidas. Verificou-se que o modo com que se vivencia e compreende a inclusão sinaliza retóricas que ressignificam, esvaziam e/ou mistificam potências e autorias de pensamentos e de ação docentes. Relatos das professoras configuram a imagem de um profissional demandado constantemente a formular as condições materiais e semióticas para que processos de aprendizagem e desenvolvimento promovam os sujeitos a serem incluídos. A precarização do trabalho docente se avizinha e concorre para a sobrecarga destas demandas, impactando também suas identidades como docentes.