O ensino de língua portuguesa, na maioria das escolas do Brasil, tem se dedicado a uma análise iminentemente gramatiqueira e, por conseguinte, tem se prestado a um protagonismo que cuida em apregoar e sedimentar equívocos que afastam ainda mais o estudante do objeto ‘língua’ e também das competências e habilidades previstas por documentos oficiais como a BNCC. O presente artigo tem como finalidade refletir o ensino de língua portuguesa e apontar estratégias que focalizem o ensino das vozes verbais numa perspectiva para além de desdobramentos morfossintáticos. Para tanto, compreende-se o emprego dessas vozes nos textos vinculados a situações reais de uso como ferramentas discursivas capazes de proporcionar um modo de interação com e sobre o mundo. A escolha das vozes verbais não é feita de modo aleatório e se constitui, na verdade, como um instrumento de expressão que revela intencionalidades discursivas. O artigo está estruturado em duas seções: 1. Um olhar sobre o ensino-aprendizagem das vozes verbais e 2. A gramática numa perspectiva discursiva. Aporta-se nas palavras de BAGNO (2019), LAPA (1998), PATROCÍNIO (2011), PERINI (2010), PERNAMBUCO (2019) e PONTES (1987) para alicerçar uma discussão necessária ao seio escolar a fim de implementar práticas efetivas que modifiquem o panorama ainda em voga.