Nesta comunicação apresento algumas reflexões sobre a “Tecnologia” e o “Trabalho” como marcadores importantes para as mulheres no mundo da música a partir da visão de mulheres musicistas da cidade de João Pessoa, entrevistadas na série “Jornadas Sonoras” em 2020. A série, criada por mim como parte de minha pesquisa de pós-doutoramento, aborda 13 musicistas da capital paraibana a partir de uma agenda feminista buscando conhecer como essas mulheres percebem e entendem grandes temas da atualidade como “Gênero”, “Sexualidade”, “Raça”, “Identidade”, “Trabalho”, “Maternidade” e “Tecnologia” em suas trajetórias e atuação artística/profissional. A partir de suas visões de mundo, trajetórias e experiências compartilhadas nas entrevistas em conjunto com um referencial teórico do feminismo (especialmente das correntes marxista e decolonial) foi possível elaborar algumas reflexões específicas sobre o trabalho das mulheres musicistas e como a tecnologia ora atua como um elemento distintivo de capital social, ora como elemento de exclusão. Apoiada em autoras como Luciana Balletrin, Jorissa Danilla Nascimento Aguiar e Liliane Segnini (entre outros e outras), procuro estabelecer uma relação entre essas questões levantadas nas entrevistas e o patriarcado no mundo capitalista específico do contexto Latino Americano e do nordeste brasileiro. Para essas mulheres entrevistadas foi unanime a percepção de que “Música” é “Trabalho”. É um trabalho pouco reconhecido, com grande exigência de qualificação, grande demanda de investimento de tempo, dinheiro e mobilidade e, especialmente no caso das mulheres mães, pode ser caracterizado como um trabalho precarizado.