Com o avanço da modernidade, as infâncias perdem em valor para um modelo de sociedade destinado à aquisição de conhecimentos básicos para a prática da produção e do consumo de bens e serviços. A busca pelo desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica estimulada pela consciência histórica e pela dimensão espacial dá lugar à visão pragmática da realidade. A presente pesquisa teve o objetivo de analisar a visão de infância presente na nova Base Nacional Comum Curricular à luz da Sociologia da Infância. A metodologia utilizada para o seu alcance foi a pesquisa documental. Os resultados revelam que a visão de infância presente nesse novo documento referência apresenta recomendações a um total controle disciplinar do tempo da criança, dentro e fora da sala de aula. Diverge, assim, dos propósitos de uma educação atenta às especificidades culturais da infância, onde a relação entre pares é entendida como importante meio de trocas simbólicas e reais de informação e de aprendizagem social. As novas diretrizes para educação escolar brasileira partem, portanto, de concepções de criança cada vez mais distanciadas das observações feitas em estudos sociológicos contemporâneos acera dela. A expectativa é de que esses resultados fomentem novas discussões sobre a importância da valorização das culturas de infância e possam servir para fundamentar documentos normativos direcionados à Educação Infantil brasileira.