A escrita (auto)biográfica oportuniza o encontro consigo mesmo, num diálogo entre-tempos, em que o sujeito assume a condição de autor-ator da própria história. Nesse artigo, descrevemos a experiência com a metodologia de cartas (auto)biográficas no âmbito da formação doutoral, explicitando como a escrita de si pode ser libertadora, sobretudo das ‘amarras’ científicas de vieses positivistas que nos são imputados desde muito cedo na universidade. Os procedimentos metodológicos fundamentam-se na Pesquisa Narrativa, de modo que apresentamos elementos teóricos que respaldam o uso das cartas (auto)biográficas enquanto instrumento de escrita de si na pesquisa em/com formação de professores, além da descrição da experiência do exercício de contar de si na disciplina “Dimensões Paradigmáticas de Pesquisa e suas Tendências Investigativas no Ensino” do Programa de Pós-graduação em Ensino Tecnológico (PPGET) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). Os resultados revelam que o exercício de escrita (auto)biográfica nos (e)leva ao lugar de autoria, visto que ao revisitar episódios significativos de nossa vida-trajetória, atribuímos novos sentidos e novas aprendizagens – formamo-nos. Sendo assim, a carta (auto)biográfica pode ser compreendida como condição sine qua non para que o docente experimente a autoria e imprima nela sua marca, reconhecendo e valorizando seu estilo de escrita.