A relação entre as condições económicas ou de privação material e a saúde tem sido amplamente estudada. Contudo, os resultados das investigações científicas divergem em função dos indicadores utilizados para mensurar as condições em que as pessoas vivem, que variam de uma abordagem economicista, baseada nos rendimentos, até indicadores que consideram a riqueza acumulada, passando por medidas de auto perceção da situação económica e indicadores que refletem a dificuldade em aceder a bens ou serviços. Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre as condições económicas ou de privação material e a saúde física na população europeia com 50 e mais anos, recorrendo a vários indicadores, com vista a uma análise integradora das diversas perspetivas existentes, tendo por base a Teoria das Causas Fundamentais da Doença. Neste sentido, realizaram-se análises de regressão linear múltipla a uma amostra representativa da população daquele grupo etário, de 17 países europeus que integram o projeto SHARE-Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe. Os resultados revelam que quanto piores as condições económicas e de privação material, pior a sua saúde física, quando controladas as características sociodemográficas e culturais, a saúde mental e os comportamentos de risco em saúde. Este resultado é válido para cada um dos indicadores considerados (rendimento, stress financeiro, riqueza, “ser capaz de fazer face a despesas inesperadas sem pedir dinheiro emprestado” e “prorrogar as idas ao dentista para ajudar a manter os custos de vida baixos”), à exceção do indicador “sujeitar-se ao frio para ajudar a controlar os gastos”.