Artigo Anais do VIII Seminário Corpo, Gênero e Sexualidade, IV Seminário Internacional Corpo, Gênero e Sexualidade e IV Luso-Brasileiro Educação em Sexualidade, Gênero, Saúde e Sustentabilidade

ANAIS de Evento

ISBN: 978-65-86901-66-5

INTERSECÇÕES ENTRE JUVENTUDE, MASCULINIDADE, ORIENTAÇÃO SEXUAL E RELIGIÃO EM NARRATIVAS DE JOGADORES DE VOLEIBOL

Palavra-chaves: DIFERENÇA, PERFORMATIVIDADE, INTERSECCIONALIDADE, VOLEIBOL, EDUCAÇÃO FÍSICA Comunicação Oral (CO) ET 30 - Práticas Corporais: Diálogos com Gênero, Corpo e Sexualidade
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      EINTRODUÇÃO\r\n
      ABORDO NESTE TEXTO UM RECORTE DE UMA PESQUISA MAIS AMPLA QUE DISCUTIU OS PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO DE JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL CISGÊNEROS E QUE SE AUTOIDENTIFICAVAM COMO HOMENS HOMOSSEXUAIS E BISSEXUAIS. NESSE CONTEXTO, A TEMÁTICA RELIGIÃO EMERGIU NA PRODUÇÃO DE NARRATIVAS E FOI ENUNCIADA COMO UM MARCADOR DA DIFERENÇA QUE AFETAVA AS EXPERIÊNCIAS DESSES SUJEITOS. \r\n
      A RELIGIÃO É, HISTORICAMENTE, UM CAMPO QUE SE ENGAJA NAS DISPUTAS EM TORNO DA MANUTENÇÃO DAS NORMAS DE GÊNERO NA SOCIEDADE. COMO DESTACOU ECCO (2008), AS EXPRESSÕES RELIGIOSAS ORIUNDAS DA TRADIÇÃO CRISTÃ, RECORRENTEMENTE, DÃO MUITA ÊNFASE À MANUTENÇÃO DA SUPREMACIA HIERÁRQUICA MASCULINA, CORROBORANDO PARA MOLDAR OS SUJEITOS, DADA SUA FORTE INFLUÊNCIA SOCIAL. CONSIDERA A RELIGIÃO COMO UM CAMPO SIMBÓLICO IMPORTANTE E QUE ENFATIZA, DESDE OS MECANISMOS MAIS SUTIS DE INFLUÊNCIA NA VIDA DOS SUJEITOS, UM ESPAÇO PRIVILEGIADO DE CONSTRUÇÃO SOCIAL DA SUPREMACIA CULTURAL DA MASCULINIDADE. OUTROS AUTORES, COMO GASTALDI E SILVA (2018), APONTARAM QUE TAL CONDIÇÃO IMPOSTA PELA RELIGIÃO FAVORECEU OS HOMENS, COLOCANDO-OS NUMA POSIÇÃO DE DESTAQUE NA ESTRUTURA SOCIAL E REAFIRMANDO SEUS PRIVILÉGIOS NA SOCIEDADE. TAMBÉM ENFATIZARAM AS DISPUTAS QUE OCORREM ENTRE ESSA IDENTIDADE MASCULINA, QUE É DEFINIDA E PAUTADA NOS SEGUIMENTOS RELIGIOSOS DESDE OS PRIMÓRDIOS DA CRISTANDADE, E AS NOVAS DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS, QUE SÃO COLOCADAS AOS SUJEITOS PARA CONTESTAR A RIGIDEZ DOS PAPÉIS ESTABELECIDOS SOCIALMENTE PELA IGREJA. ENTRE ESSAS NOVAS DEMANDAS, PODE-SE APONTAR A ARTICULAÇÃO ENTRE MASCULINIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL. NESSA DISCUSSÃO, O POSICIONAMENTO DA RELIGIÃO SOBRE O TEMA DA HOMOSSEXUALIDADE SE TORNA, NA MAIOR PARTE DAS VEZES, ATÉ MAIS RADICAL. \r\n
      BUSCANDO DISCUTIR AS AFETAÇÕES DA RELIGIÃO EM NARRATIVAS SOBRE AS MASCULINIDADES NO ESPORTE, COM FOCALIZAÇÃO NO VOLEIBOL, SABE-SE QUE A PARTICIPAÇÃO DE HOMENS NÃO HETEROSSEXUAIS EM ESPAÇOS DE PRÁTICA DESTE ESPORTE É UM FENÔMENO CULTURAL RECORRENTE NO BRASIL, QUE ATRAVESSA TANTO O CONTEXTO PROFISSIONAL, COM JOGADORES GAYS E BISSEXUAIS PRESENTES EM EQUIPES DA SUPERLIGA MASCULINA E NA SELEÇÃO BRASILEIRA, COMO EM CAMPEONATOS ESCOLARES, AMADORES E DE CATEGORIAS DE BASE QUE OCORREM EM DIVERSAS PARTES DO PAÍS (BRITO, 2018). DESSE MODO, APRESENTO NA SEQUÊNCIA A METODOLOGIA UTILIZADA NA PESQUISA EMPÍRICA DESTE TRABALHO. \r\n
      \r\n
      METODOLOGIA \r\n
      FORAM PRODUZIDAS NARRATIVAS COM JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL DAS CATEGORIAS JUVENIS DE CLUBES LOCALIZADOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO E DEZEMBRO DE 2016. OS SUJEITOS IDENTIFICAVAM-SE COMO HOMENS CISGÊNEROS E A ORIENTAÇÃO SEXUAL VARIAVA ENTRE A HOMOSSEXUALIDADE E A BISSEXUALIDADE, OCORRENDO CERTA FLUIDEZ NESSE PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO. QUANTO À RELIGIÃO, APENAS UM JOVEM IDENTIFICAVA-SE COMO CANDOMBLECISTA, CINCO COMO CATÓLICOS, CINCO COMO EVANGÉLICOS E NOVE AFIRMARAM NÃO TER RELIGIÃO. \r\n
      AS NARRATIVAS FORAM CONSTRUÍDAS PELOS PRINCÍPIOS DE ARFUCH (2010), QUE DEFENDE A PRODUÇÃO DE NARRATIVAS BASEADA NUMA “TEORIA DO SUJEITO QUE CONSIDERE SEU CARÁTER NÃO ESSENCIAL, SEU POSICIONAMENTO CONTINGENTE E MÓVEL NAS DIVERSAS TRAMAS EM QUE SUA VOZ SE TORNA SIGNIFICANTE” (P. 31-32). SUAS PROPOSIÇÕES SOBRE NARRRATIVAS ENFATIZAM UMA PERSPECTIVA DE NÃO HIERARQUIZAÇÃO ENTRE PESQUISADOR E SUJEITOS, NUMA RELAÇÃO, SOBRETUDO, DIALÓGICA E ALTERITÁRIA NO CONTEXTO DE PRODUÇÃO DOS RELATOS NAS ENTREVISTAS.\r\n
      AS NARRATIVAS PRODUZIDAS FORAM ANALISADAS POR UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A PESQUISA SOBRE MASCULINIDADES, FUNDAMENTADA NA TEORIZAÇÃO DA INTERSECCIONALIDADE E DESENVOLVIDA POR BILGE (2009). A AUTORA PROPÕE A INTERPRETAÇÃO DAS CATEGORIAS GÊNERO, ORIENTAÇÃO SEXUAL, RAÇA, CLASSE, ETNIA, RELIGIÃO, IDADE E DEFICIÊNCIA, ENTRE OUTRAS, EM NARRATIVAS PRODUZIDAS POR ENTREVISTAS, POR MEIO DE ALGUMAS QUESTÕES QUE SÃO APLICADAS ÀS NARRATIVAS. DISCUTO COM MAIS DETALHES A TEORIA DA INTERSECCIONALIDADE NESTA PRÓXIMA SESSÃO DO RESUMO. \r\n
      \r\n
      REFERENCIAL TEÓRICO\r\n
      \t A TEORIZAÇÃO DA PERFORMATIVIDADE É BASILAR NESSA PROPOSTA. POR ESSA PERSPECTIVA, BUTLER (2019) AFIRMA QUE A LINGUAGEM, QUANDO REPETIDA E REITERADA, TEM A CAPACIDADE DE PRODUZIR EFEITOS DE REALIDADE E, ASSIM, PARTICIPAR DAS CONSTRUÇÕES DOS SENTIDOS EM CIRCULAÇÃO NA SOCIEDADE. DESSE MODO, A AUTORA ENTENDE SEXO, GÊNERO E SEXUALIDADE COMO PERFORMATIVOS, ISTO É, CONSIDERA ESSAS IDENTIFICAÇÕES, MESMO INSTITUÍDAS NA COERÊNCIA NORMATIVA SEXO-GÊNERO-DESEJO, INSTÁVEIS E PRECÁRIAS. POR MEIO DA REPETIÇÃO ESTILIZADA DO CORPO POR FALAS, ATOS E GESTOS, SENTIDOS DO MASCULINO E DO FEMININO, ENUNCIADOS POR UMA MATRIZ HETEROSSEXUAL E RECONHECIDOS DENTRO DE UM QUADRO BINÁRIO, ESTÃO PASSÍVEIS DE FRACASSO E DE RESSIGNIFICAÇÕES. \r\n
      NESSA DISCUSSÃO, A PROPONDO COMO DISCUSSÃO A IDENTIFICAÇÃO DA JUVENTUDE COMO PERFORMATIVA, LEITE (2014, P. 148) DESTACA QUE “EXISTEM AS PRÁTICAS REGULADORAS DA COERÊNCIA DA IDADE QUE, ‘PERFORMATIVAMENTE’, DICOTOMIZAM E HIERARQUIZAM A CRIANÇA/ADOLESCENTE/JOVEM RELATIVAMENTE AO ADULTO”, O QUE PERMITE CONTESTAR ATRIBUIÇÕES NATURALIZADAS – COMO IRRESPONSÁVEL, HEDONISTA, ALIENADO, ENTRE OUTRAS – COMUMENTE REPETIDAS EM ENUNCIAÇÕES DIRECIONADAS AO SUJEITO JOVEM NA SOCIEDADE E QUE CORROBORA COM O DISCURSO DO SENSO COMUM DE ESSENCIALIZAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DA JUVENTUDE EM VARIADAS ESFERAS DA SOCIEDADE. TAL CONSTRUÇÃO DE MOSTRA POTENTE PARA A ARTICULAÇÃO DA JUVENTUDE COM A MASCULINIDADE E A ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS DISCUSSÕES AQUI DESENVOLVIDAS. \r\n
      ENTENDENDO QUE AS PERFORMATIZAÇÕES DAS IDENTIFICAÇÕES ANUNCIADAS PODEM SER AFETADAS MUTUAMENTE E POR DIVERSOS OUTROS MARCADORES DA DIFERENÇA, COMO A PRÓPRIA RELIGIÃO, A ABORDAGEM INTERSECCIONAL (BILGE, 2009) SE MOSTRA IMPORTANTE NESSA ARTICULAÇÃO EPISTÊMICA. RECONHECENDO QUE NÃO SE TRATA DE UM MERO SOMATÓRIO DE OPRESSÕES, MAS DE UMA ABORDAGEM INTEGRADA QUE ARTICULA CATEGORIZAÇÕES DA DIFERENÇA, MATERIALIZADAS EM DESIGUALDADES, QUE EMERGEM E INTERPELAM AS VIVÊNCIAS DOS SUJEITOS, A INTERSECCIONALIDADE É UMA ABORDAGEM ANALÍTICO-POLÍTICA POTENTE PARA PROBLEMATIZAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DE DIFERENTES ATRAVESSAMENTOS IDENTITÁRIOS NAS EXPERIÊNCIAS COTIDIANAS DOS SUJEITOS.\r\n
      \r\n
      RESULTADOS E DISCUSSÃO\r\n
      \tENTRE AS NARRATIVAS SELECIONADAS PARA DISCUSSÃO, DESTACO DOIS JOVENS ATLETAS: LUQUINHA, 19 ANOS, HOMOSSEXUAL E EVANGÉLICO; MIREYA, 19 ANOS, BISSEXUAL E SEM RELIGIÃO. \r\n
      \tNA ENTREVISTA COM LUQUINHA, FUI SURPREENDIDO PELA INFORMAÇÃO DE QUE, ALÉM DO CLUBE, ELE TAMBÉM JOGAVA VOLEIBOL POR SUA IGREJA. AS IDENTIFICAÇÕES HOMOSSEXUAL E EVANGÉLICO FORAM ENUNCIADAS POR LUQUINHA E, REAFIRMADAS, QUANDO O QUESTIONO SE CONVIVIA COM OUTROS COLEGAS DE EQUIPE TAMBÉM HOMOSSEXUAIS. EMBORA TAMBÉM RELATE QUE, JUNTO AOS SEUS COLEGAS, SÃO ACEITOS INDEPENDENTE DA ORIENTAÇÃO NÃO HETEROSSEXUAL NAQUELE ESPAÇO, LEVANTA A POSSIBILIDADE DE QUE A IGREJA OS CONVIDE A PARTICIPAR DE UMA SESSÃO DE CURA GAY, AFIRMANDO DEPOIS QUE PODE SER ALGUMA “HISTÓRIA” OU FOFOCA QUE CIRCULOU NAQUELE CONTEXTO.\r\n
      \tNATIVIDADE (2006), EM PESQUISA QUE FOCALIZOU RELIGIÃO E HOMOSSEXUALIDADE, AFIRMOU QUE O DISCURSO RELIGIOSO DE REVERSÃO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL APARECEU COMO UMA PERSPECTIVA DOMINANTE EM DIFERENTES DENOMINAÇÕES DA IGREJA EVANGÉLICA, QUE RECONHECEM A PRÁTICA DA HOMOSSEXUALIDADE COMO PECAMINOSA E PASSÍVEL DE CURA, JUSTIFICANDO-A COMO UMA FORMA DE ALÍVIO AO SOFRIMENTO DE PESSOAS QUE SE IDENTIFICAM COMO HOMOSSEXUAIS. O AUTOR, RECORRENDO A UM MAPEAMENTO DE OBRAS DO UNIVERSO EVANGÉLICO SOBRE O TEMA EM MATERIAIS NACIONAIS E INTERNACIONAIS, DISTINGUE TRÊS CATEGORIAS NO DISCURSO EVANGÉLICO DA CURA GAY: CURA, LIBERTAÇÃO E RESTAURAÇÃO SEXUAL, ONDE TÉCNICAS DA PSICOLOGIA E TRECHOS DA BÍBLIA SÃO UTILIZADOS EM INTERLOCUÇÃO PARA CONSTRUIR AS PREMISSAS QUE COLOCAM A HOMOSSEXUALIDADE ASSOCIADA À PROMISCUIDADE, PEDOFILIA E DOENÇA.\r\n
      \tLUQUINHA TAMBÉM ENUNCIOU EM SUA NARRATIVA, QUE SERIA POSSÍVEL SE AUTOIDENTIFICAR COMO UM JOVEM GAY E EVANGÉLICO A PARTIR DO MOMENTO EM QUE HOUVESSE O ENQUADRAMENTO DO SUJEITO NOS DISCURSOS REGULATÓRIOS DA IGREJA, AFASTANDO-SE DAS DROGAS, DA BEBIDA E DO SEXO. O JOVEM ATLETA JUSTIFICOU, INCLUSIVE, QUE TAL DISCURSO DA IGREJA É DIRECIONADO A HOMENS E MULHERES HETEROSSEXUAIS E NÃO APENAS ÀS PESSOAS HOMOSSEXUAIS. A REGULAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE E DE PRÁTICAS SEXUAIS TIDAS COMO FORA DA NORMA PELAS IGREJAS EVANGÉLICAS, DECORRE DA ARTICULAÇÃO DE ELEMENTOS DA TRADIÇÃO RELIGIOSA E DE CERTOS MODOS DE SUBJETIVAÇÃO MODERNOS, COM O OBJETIVO DE CONTROLE DOS DESEJOS DOS SUJEITOS (NATIVIDADE, 2006). \r\n
      \tTAL CONTROLE, VEM AO ENCONTRO DE SE IMPOR MECANISMOS REGULATÓRIOS SOBRE PERFORMATIZAÇÕES DE MASCULINIDADES DISSIDENTES À NORMA NO CONTEXTO DA IGREJA EM QUE FREQUENTAVA, POIS, A RELIGIÃO EVANGÉLICA, NA CONTINGÊNCIA NARRADA, NEGOCIAVA POSSIBILIDADES DE MODOS OUTROS DE “SER HOMEM” EM SEUS ESPAÇOS. CONFORME A NARRATIVA, A IGREJA, SUPOSTAMENTE, FAZIA USO DO ESPORTE TAMBÉM PARA OUTROS FINS, TAIS COMO PROJETOS DE REVERSÃO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL, CONSIDERANDO A MAIOR PRESENÇA DE SUJEITOS QUE NÃO SE IDENTIFICAVAM COMO HETEROSSEXUAIS NA EQUIPE DE VOLEIBOL.\r\n
      \tNA ENTREVISTA COM MIREYA, DESTACOU-SE SUA POSIÇÃO CONTRÁRIA AOS DISCURSOS DA IGREJA EM QUE FREQUENTAVA, OPTANDO POR SE AFASTAR DA RELIGIÃO EVANGÉLICA, DEVIDO AS POSIÇÕES ANTAGÔNICAS À SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL. ENTRETANTO AFIRMOU QUE CONTINUA MANTENDO SUA FÉ, JÁ QUE PRECEITOS QUE JULGA COMO IMPORTANTES, COMO CARÁTER, PODEM SER INCORPORADOS INDEPENDENTEMENTE DE ESTAR OU NÃO EM UMA IGREJA. ATRAVESSANDO O PRÓPRIO DISCURSO QUE SUBALTERNIZA A HOMOSSEXUALIDADE COMO ORIENTAÇÃO SEXUAL, SUA IGREJA TAMBÉM ASSOCIAVA A PRÁTICA DO VOLEIBOL COMO UM ESPORTE NÃO VOLTADO A SUJEITOS QUE SE IDENTIFICAVAM COMO HETEROSSEXUAIS, TOLHENDO DUPLAMENTE O INTERESSE DO JOVEM ATLETA EM SE MANTER NAQUELE ESPAÇO.\r\n
      \tSABE-SE QUE AS NORMALIZAÇÕES DE GÊNERO TAMBÉM SE FAZEM PRESENTES NO DISCURSO DE MARGINALIZAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE, POR EXEMPLO, QUANDO A IGREJA ENFATIZA A DIVISÃO DE PRÁTICAS MASCULINAS E FEMININAS E ATRIBUTOS ESPECÍFICOS PARA HOMENS E MULHERES, JULGANDO QUE O CRUZAMENTO DESSAS FRONTEIRAS PODERIA FAVORECER O ESTÍMULO À HOMOSSEXUALIDADE NAS VIVÊNCIAS DOS SUJEITOS (NATIVIDADE, 2006). A PRÁTICA DO VOLEIBOL, QUANDO NÃO INDICADA PELA IGREJA, POR SUA ASSOCIAÇÃO À HOMOSSEXUALIDADE, É UM EXEMPLO DESTA AFIRMAÇÃO. \r\n
      \tMIREYA, EM SUA NARRATIVA, MOSTROU RESISTÊNCIA ÀS REGULAÇÕES PROMOVIDAS PELA RELIGIÃO, CONTESTANDO AS PRIVAÇÕES QUE A IGREJA EVANGÉLICA INSTITUÍA QUANDO ERA OBRIGADO A FREQUENTAR COM A FAMÍLIA. NESSE SENTIDO, A PERFORMATIZAÇÃO DA JUVENTUDE DO JOVEM ATLETA É CONSTRUÍDA EM OPOSIÇÃO A ENUNCIAÇÕES NATURALIZADAS SOBRE O SUJEITO JOVEM NA SOCIEDADE, TAL COMO ALIENADO, JUSTAMENTE PELA CRITICIDADE ASSUMIDA AO CONTEXTO RELIGIOSO EXPERIENCIADO, QUE BUSCAVA REGULAR SUA MASCULINIDADE E SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL.   \r\n
      \tÉ INTERESSANTE CONSTATAR NESTAS NARRATIVAS PROBLEMATIZADAS, QUE TROUXERAM A INTERSECÇÃO JUVENTUDE, MASCULINIDADE, ORIENTAÇÃO SEXUAL E RELIGIÃO, QUE EMBORA NÃO SEJA ESPERADO A INTEGRAÇÃO DE DOIS MARCADORES DA DIFERENÇA, EXEMPLIFICADOS PELA BI/HOMOSSEXUALIDADE E PELA RELIGIÃO EVANGÉLICA, POR SE MOSTRAREM ANTAGÔNICOS NA ORDEM SOCIAL, ELES OCORREM. AINDA QUE TAIS DISCURSOS RELIGIOSOS BUSQUEM INSTITUIR EM SEUS ESPAÇOS PERFORMATIZAÇÕES MAIS SEDIMENTADAS DA JUVENTUDE E NORMALIZADORAS DA MASCULINIDADE, RESISTÊNCIAS A ESSA NORMA OCORREM EM SUAS CONTINGÊNCIAS ESPECÍFICAS, JÁ QUE SUJEITOS JOVENS E NÃO HETEROSSEXUAIS, MESMO EM MEIO A DISPUTAS E TENSÕES, FAZEM-SE PRESENTES COMO MEMBROS DE IGREJAS EVANGÉLICAS.\r\n
      \r\n
      CONSIDERAÇÕES FINAIS\r\n
      BUSQUEI NESTE TRABALHO DISCUTIR A INTERSECÇÃO ENTRE AS CATEGORIAS JUVENTUDE, MASCULINIDADE, ORIENTAÇÃO SEXUAL E RELIGIÃO, POR MEIO DE NARRATIVAS DE JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL, QUE SE IDENTIFICAVAM COMO HOMENS CISGÊNEROS, HOMOSSEXUAIS E BISSEXUAIS. DE UM MODO GERAL, AS ENUNCIAÇÕES DOS JOVENS ATLETAS APONTARAM AS DISPUTAS QUE OCORREM NO INTERIOR DAS IGREJAS EVANGÉLICAS PELA TENTATIVA DE CONTROLE E REGULAÇÃO DE MASCULINIDADES NÃO HETEROSSEXUAIS EM SEUS ESPAÇOS. OS DISCURSOS DA RELIGIÃO, RELATADOS NAS ENUNCIAÇÕES DE DOIS SUJEITOS, SIGNIFICARAM-SE PELA TENTATIVA DE ESTABILIZAÇÃO DE UM MODO ESPECÍFICO DE SER HOMEM NA SOCIEDADE, ISTO É, NA VIVÊNCIA DEMARCADA DA MASCULINIDADE HETEROSSEXUAL COMO NORMA DO PROJETO INSTITUÍDO PELAS IGREJAS.\r\n
      ENTENDENDO QUE OS PROCESSOS DE DISPUTAS DE SENTIDOS SÃO PERMANENTES NA ORDEM SOCIAL, AS IGREJAS PRECISAM REPENSAR SEUS DISCURSOS DOGMÁTICOS E GENERIFICADOS QUE AINDA INSTITUEM MODOS UNÍVOCOS DE MASCULINIDADE ENTRE OS FREQUENTADORES DE SEUS ESPAÇOS. A PESQUISA AQUI DISCUTIDA MOSTROU QUE SUJEITOS QUE PERFORMATIZAM MODOS OUTROS DE MASCULINIDADES, DIVERGENTES DO INSTITUÍDO PELA RELIGIÃO EVANGÉLICA, MARCAM PRESENÇA NOS ESPAÇOS DAS IGREJAS, SEJA COMO FIÉIS, SEJA TAMBÉM EM OUTRAS INSTÂNCIAS DE SOCIALIZAÇÃO – COMO, POR EXEMPLO, PARA JOGAR VOLEIBOL – E PRECISAM SER RESPEITADOS EM SUAS DIFERENÇAS.\r\n
      \t\r\n
      REFERÊNCIAS \r\n
      ARFUCH, L. O ESPAÇO BIOGRÁFICO: DILEMAS DA SUBJETIVIDADE CONTEMPORÂNEA. RIO DE JANEIRO: ED. UERJ, 2010.\r\n
      \r\n
      BILGE, S. SMUGGLING INTERSECTIONALITY INTO THE STUDY OF MASCULINITY: SOME METHODOLOGICAL CHALLENGES. FEMINIST RESEARCH METHODS: AN INTERNATIONAL CONFERENCE, 2009, STOCKHOLM. ANAIS... STOCKHOLM: 2009. \r\n
      \r\n
      BRITO, L. T. ENUNCIAÇÕES DE MASCULINIDADE EM NARRATIVAS DE JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL: LEITURAS EM HORIZONTE QUEER. 2018. 228F. TESE (DOUTORADO EM EDUCAÇÃO), PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2018.\r\n
      \r\n
      BUTLER, J. CORPOS QUE IMPORTAM: OS LIMITES DISCURSIVOS DO “SEXO”. SÃO PAULO: N-1 EDIÇÕES, 2019.\r\n
      \r\n
      ECCO, C. A FUNÇÃO DA RELIGIÃO NA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA MASCULINIDADE. REVISTA DA ABORDAGEM GESTÁLTICA: PHENOMENOLOGICAL STUDIES, GOIÂNIA, V. 14, N. 1, P. 93-97, JUN. 2008.\r\n
      \r\n
      GASTALDI, R.; SILVA, R. DE ADÃO À EVA: A CONSTRUÇÃO DA MASCULINIDADE A PARTIR DO DISCURSO DO CRISTIANISMO. REVISTA MUNDI SOCIAIS E HUMANIDADES, CURITIBA, V. 3, N. 2, JAN./JUN. 2018.\r\n
      \r\n
      LEITE, M. PERFORMATIVIDADE: INSCRIÇÕES, CONTEXTOS, DISSEMINAÇÕES. PRÁXIS EDUCATIVA, PONTA GROSSA, V. 9, P. 141-165, JAN./JUN. 2014. \r\n
      \r\n
      NATIVIDADE, M. HOMOSSEXUALIDADE, GÊNERO E CURA EM PERSPECTIVAS PASTORAIS EVANGÉLICAS. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, SÃO PAULO, V. 21, P. 115-132, JUN. 2006.
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      ABORDO NESTE TEXTO UM RECORTE DE UMA PESQUISA MAIS AMPLA QUE DISCUTIU OS PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO DE JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL CISGÊNEROS E QUE SE AUTOIDENTIFICAVAM COMO HOMENS HOMOSSEXUAIS E BISSEXUAIS. NESSE CONTEXTO, A TEMÁTICA RELIGIÃO EMERGIU NA PRODUÇÃO DE NARRATIVAS E FOI ENUNCIADA COMO UM MARCADOR DA DIFERENÇA QUE AFETAVA AS EXPERIÊNCIAS DESSES SUJEITOS. \r\n
      A RELIGIÃO É, HISTORICAMENTE, UM CAMPO QUE SE ENGAJA NAS DISPUTAS EM TORNO DA MANUTENÇÃO DAS NORMAS DE GÊNERO NA SOCIEDADE. COMO DESTACOU ECCO (2008), AS EXPRESSÕES RELIGIOSAS ORIUNDAS DA TRADIÇÃO CRISTÃ, RECORRENTEMENTE, DÃO MUITA ÊNFASE À MANUTENÇÃO DA SUPREMACIA HIERÁRQUICA MASCULINA, CORROBORANDO PARA MOLDAR OS SUJEITOS, DADA SUA FORTE INFLUÊNCIA SOCIAL. CONSIDERA A RELIGIÃO COMO UM CAMPO SIMBÓLICO IMPORTANTE E QUE ENFATIZA, DESDE OS MECANISMOS MAIS SUTIS DE INFLUÊNCIA NA VIDA DOS SUJEITOS, UM ESPAÇO PRIVILEGIADO DE CONSTRUÇÃO SOCIAL DA SUPREMACIA CULTURAL DA MASCULINIDADE. OUTROS AUTORES, COMO GASTALDI E SILVA (2018), APONTARAM QUE TAL CONDIÇÃO IMPOSTA PELA RELIGIÃO FAVORECEU OS HOMENS, COLOCANDO-OS NUMA POSIÇÃO DE DESTAQUE NA ESTRUTURA SOCIAL E REAFIRMANDO SEUS PRIVILÉGIOS NA SOCIEDADE. TAMBÉM ENFATIZARAM AS DISPUTAS QUE OCORREM ENTRE ESSA IDENTIDADE MASCULINA, QUE É DEFINIDA E PAUTADA NOS SEGUIMENTOS RELIGIOSOS DESDE OS PRIMÓRDIOS DA CRISTANDADE, E AS NOVAS DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS, QUE SÃO COLOCADAS AOS SUJEITOS PARA CONTESTAR A RIGIDEZ DOS PAPÉIS ESTABELECIDOS SOCIALMENTE PELA IGREJA. ENTRE ESSAS NOVAS DEMANDAS, PODE-SE APONTAR A ARTICULAÇÃO ENTRE MASCULINIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL. NESSA DISCUSSÃO, O POSICIONAMENTO DA RELIGIÃO SOBRE O TEMA DA HOMOSSEXUALIDADE SE TORNA, NA MAIOR PARTE DAS VEZES, ATÉ MAIS RADICAL. \r\n
      BUSCANDO DISCUTIR AS AFETAÇÕES DA RELIGIÃO EM NARRATIVAS SOBRE AS MASCULINIDADES NO ESPORTE, COM FOCALIZAÇÃO NO VOLEIBOL, SABE-SE QUE A PARTICIPAÇÃO DE HOMENS NÃO HETEROSSEXUAIS EM ESPAÇOS DE PRÁTICA DESTE ESPORTE É UM FENÔMENO CULTURAL RECORRENTE NO BRASIL, QUE ATRAVESSA TANTO O CONTEXTO PROFISSIONAL, COM JOGADORES GAYS E BISSEXUAIS PRESENTES EM EQUIPES DA SUPERLIGA MASCULINA E NA SELEÇÃO BRASILEIRA, COMO EM CAMPEONATOS ESCOLARES, AMADORES E DE CATEGORIAS DE BASE QUE OCORREM EM DIVERSAS PARTES DO PAÍS (BRITO, 2018). DESSE MODO, APRESENTO NA SEQUÊNCIA A METODOLOGIA UTILIZADA NA PESQUISA EMPÍRICA DESTE TRABALHO. \r\n
      \r\n
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      FORAM PRODUZIDAS NARRATIVAS COM JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL DAS CATEGORIAS JUVENIS DE CLUBES LOCALIZADOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO E DEZEMBRO DE 2016. OS SUJEITOS IDENTIFICAVAM-SE COMO HOMENS CISGÊNEROS E A ORIENTAÇÃO SEXUAL VARIAVA ENTRE A HOMOSSEXUALIDADE E A BISSEXUALIDADE, OCORRENDO CERTA FLUIDEZ NESSE PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO. QUANTO À RELIGIÃO, APENAS UM JOVEM IDENTIFICAVA-SE COMO CANDOMBLECISTA, CINCO COMO CATÓLICOS, CINCO COMO EVANGÉLICOS E NOVE AFIRMARAM NÃO TER RELIGIÃO. \r\n
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      \r\n
      REFERENCIAL TEÓRICO\r\n
      \t A TEORIZAÇÃO DA PERFORMATIVIDADE É BASILAR NESSA PROPOSTA. POR ESSA PERSPECTIVA, BUTLER (2019) AFIRMA QUE A LINGUAGEM, QUANDO REPETIDA E REITERADA, TEM A CAPACIDADE DE PRODUZIR EFEITOS DE REALIDADE E, ASSIM, PARTICIPAR DAS CONSTRUÇÕES DOS SENTIDOS EM CIRCULAÇÃO NA SOCIEDADE. DESSE MODO, A AUTORA ENTENDE SEXO, GÊNERO E SEXUALIDADE COMO PERFORMATIVOS, ISTO É, CONSIDERA ESSAS IDENTIFICAÇÕES, MESMO INSTITUÍDAS NA COERÊNCIA NORMATIVA SEXO-GÊNERO-DESEJO, INSTÁVEIS E PRECÁRIAS. POR MEIO DA REPETIÇÃO ESTILIZADA DO CORPO POR FALAS, ATOS E GESTOS, SENTIDOS DO MASCULINO E DO FEMININO, ENUNCIADOS POR UMA MATRIZ HETEROSSEXUAL E RECONHECIDOS DENTRO DE UM QUADRO BINÁRIO, ESTÃO PASSÍVEIS DE FRACASSO E DE RESSIGNIFICAÇÕES. \r\n
      NESSA DISCUSSÃO, A PROPONDO COMO DISCUSSÃO A IDENTIFICAÇÃO DA JUVENTUDE COMO PERFORMATIVA, LEITE (2014, P. 148) DESTACA QUE “EXISTEM AS PRÁTICAS REGULADORAS DA COERÊNCIA DA IDADE QUE, ‘PERFORMATIVAMENTE’, DICOTOMIZAM E HIERARQUIZAM A CRIANÇA/ADOLESCENTE/JOVEM RELATIVAMENTE AO ADULTO”, O QUE PERMITE CONTESTAR ATRIBUIÇÕES NATURALIZADAS – COMO IRRESPONSÁVEL, HEDONISTA, ALIENADO, ENTRE OUTRAS – COMUMENTE REPETIDAS EM ENUNCIAÇÕES DIRECIONADAS AO SUJEITO JOVEM NA SOCIEDADE E QUE CORROBORA COM O DISCURSO DO SENSO COMUM DE ESSENCIALIZAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DA JUVENTUDE EM VARIADAS ESFERAS DA SOCIEDADE. TAL CONSTRUÇÃO DE MOSTRA POTENTE PARA A ARTICULAÇÃO DA JUVENTUDE COM A MASCULINIDADE E A ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS DISCUSSÕES AQUI DESENVOLVIDAS. \r\n
      ENTENDENDO QUE AS PERFORMATIZAÇÕES DAS IDENTIFICAÇÕES ANUNCIADAS PODEM SER AFETADAS MUTUAMENTE E POR DIVERSOS OUTROS MARCADORES DA DIFERENÇA, COMO A PRÓPRIA RELIGIÃO, A ABORDAGEM INTERSECCIONAL (BILGE, 2009) SE MOSTRA IMPORTANTE NESSA ARTICULAÇÃO EPISTÊMICA. RECONHECENDO QUE NÃO SE TRATA DE UM MERO SOMATÓRIO DE OPRESSÕES, MAS DE UMA ABORDAGEM INTEGRADA QUE ARTICULA CATEGORIZAÇÕES DA DIFERENÇA, MATERIALIZADAS EM DESIGUALDADES, QUE EMERGEM E INTERPELAM AS VIVÊNCIAS DOS SUJEITOS, A INTERSECCIONALIDADE É UMA ABORDAGEM ANALÍTICO-POLÍTICA POTENTE PARA PROBLEMATIZAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DE DIFERENTES ATRAVESSAMENTOS IDENTITÁRIOS NAS EXPERIÊNCIAS COTIDIANAS DOS SUJEITOS.\r\n
      \r\n
      RESULTADOS E DISCUSSÃO\r\n
      \tENTRE AS NARRATIVAS SELECIONADAS PARA DISCUSSÃO, DESTACO DOIS JOVENS ATLETAS: LUQUINHA, 19 ANOS, HOMOSSEXUAL E EVANGÉLICO; MIREYA, 19 ANOS, BISSEXUAL E SEM RELIGIÃO. \r\n
      \tNA ENTREVISTA COM LUQUINHA, FUI SURPREENDIDO PELA INFORMAÇÃO DE QUE, ALÉM DO CLUBE, ELE TAMBÉM JOGAVA VOLEIBOL POR SUA IGREJA. AS IDENTIFICAÇÕES HOMOSSEXUAL E EVANGÉLICO FORAM ENUNCIADAS POR LUQUINHA E, REAFIRMADAS, QUANDO O QUESTIONO SE CONVIVIA COM OUTROS COLEGAS DE EQUIPE TAMBÉM HOMOSSEXUAIS. EMBORA TAMBÉM RELATE QUE, JUNTO AOS SEUS COLEGAS, SÃO ACEITOS INDEPENDENTE DA ORIENTAÇÃO NÃO HETEROSSEXUAL NAQUELE ESPAÇO, LEVANTA A POSSIBILIDADE DE QUE A IGREJA OS CONVIDE A PARTICIPAR DE UMA SESSÃO DE CURA GAY, AFIRMANDO DEPOIS QUE PODE SER ALGUMA “HISTÓRIA” OU FOFOCA QUE CIRCULOU NAQUELE CONTEXTO.\r\n
      \tNATIVIDADE (2006), EM PESQUISA QUE FOCALIZOU RELIGIÃO E HOMOSSEXUALIDADE, AFIRMOU QUE O DISCURSO RELIGIOSO DE REVERSÃO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL APARECEU COMO UMA PERSPECTIVA DOMINANTE EM DIFERENTES DENOMINAÇÕES DA IGREJA EVANGÉLICA, QUE RECONHECEM A PRÁTICA DA HOMOSSEXUALIDADE COMO PECAMINOSA E PASSÍVEL DE CURA, JUSTIFICANDO-A COMO UMA FORMA DE ALÍVIO AO SOFRIMENTO DE PESSOAS QUE SE IDENTIFICAM COMO HOMOSSEXUAIS. O AUTOR, RECORRENDO A UM MAPEAMENTO DE OBRAS DO UNIVERSO EVANGÉLICO SOBRE O TEMA EM MATERIAIS NACIONAIS E INTERNACIONAIS, DISTINGUE TRÊS CATEGORIAS NO DISCURSO EVANGÉLICO DA CURA GAY: CURA, LIBERTAÇÃO E RESTAURAÇÃO SEXUAL, ONDE TÉCNICAS DA PSICOLOGIA E TRECHOS DA BÍBLIA SÃO UTILIZADOS EM INTERLOCUÇÃO PARA CONSTRUIR AS PREMISSAS QUE COLOCAM A HOMOSSEXUALIDADE ASSOCIADA À PROMISCUIDADE, PEDOFILIA E DOENÇA.\r\n
      \tLUQUINHA TAMBÉM ENUNCIOU EM SUA NARRATIVA, QUE SERIA POSSÍVEL SE AUTOIDENTIFICAR COMO UM JOVEM GAY E EVANGÉLICO A PARTIR DO MOMENTO EM QUE HOUVESSE O ENQUADRAMENTO DO SUJEITO NOS DISCURSOS REGULATÓRIOS DA IGREJA, AFASTANDO-SE DAS DROGAS, DA BEBIDA E DO SEXO. O JOVEM ATLETA JUSTIFICOU, INCLUSIVE, QUE TAL DISCURSO DA IGREJA É DIRECIONADO A HOMENS E MULHERES HETEROSSEXUAIS E NÃO APENAS ÀS PESSOAS HOMOSSEXUAIS. A REGULAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE E DE PRÁTICAS SEXUAIS TIDAS COMO FORA DA NORMA PELAS IGREJAS EVANGÉLICAS, DECORRE DA ARTICULAÇÃO DE ELEMENTOS DA TRADIÇÃO RELIGIOSA E DE CERTOS MODOS DE SUBJETIVAÇÃO MODERNOS, COM O OBJETIVO DE CONTROLE DOS DESEJOS DOS SUJEITOS (NATIVIDADE, 2006). \r\n
      \tTAL CONTROLE, VEM AO ENCONTRO DE SE IMPOR MECANISMOS REGULATÓRIOS SOBRE PERFORMATIZAÇÕES DE MASCULINIDADES DISSIDENTES À NORMA NO CONTEXTO DA IGREJA EM QUE FREQUENTAVA, POIS, A RELIGIÃO EVANGÉLICA, NA CONTINGÊNCIA NARRADA, NEGOCIAVA POSSIBILIDADES DE MODOS OUTROS DE “SER HOMEM” EM SEUS ESPAÇOS. CONFORME A NARRATIVA, A IGREJA, SUPOSTAMENTE, FAZIA USO DO ESPORTE TAMBÉM PARA OUTROS FINS, TAIS COMO PROJETOS DE REVERSÃO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL, CONSIDERANDO A MAIOR PRESENÇA DE SUJEITOS QUE NÃO SE IDENTIFICAVAM COMO HETEROSSEXUAIS NA EQUIPE DE VOLEIBOL.\r\n
      \tNA ENTREVISTA COM MIREYA, DESTACOU-SE SUA POSIÇÃO CONTRÁRIA AOS DISCURSOS DA IGREJA EM QUE FREQUENTAVA, OPTANDO POR SE AFASTAR DA RELIGIÃO EVANGÉLICA, DEVIDO AS POSIÇÕES ANTAGÔNICAS À SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL. ENTRETANTO AFIRMOU QUE CONTINUA MANTENDO SUA FÉ, JÁ QUE PRECEITOS QUE JULGA COMO IMPORTANTES, COMO CARÁTER, PODEM SER INCORPORADOS INDEPENDENTEMENTE DE ESTAR OU NÃO EM UMA IGREJA. ATRAVESSANDO O PRÓPRIO DISCURSO QUE SUBALTERNIZA A HOMOSSEXUALIDADE COMO ORIENTAÇÃO SEXUAL, SUA IGREJA TAMBÉM ASSOCIAVA A PRÁTICA DO VOLEIBOL COMO UM ESPORTE NÃO VOLTADO A SUJEITOS QUE SE IDENTIFICAVAM COMO HETEROSSEXUAIS, TOLHENDO DUPLAMENTE O INTERESSE DO JOVEM ATLETA EM SE MANTER NAQUELE ESPAÇO.\r\n
      \tSABE-SE QUE AS NORMALIZAÇÕES DE GÊNERO TAMBÉM SE FAZEM PRESENTES NO DISCURSO DE MARGINALIZAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE, POR EXEMPLO, QUANDO A IGREJA ENFATIZA A DIVISÃO DE PRÁTICAS MASCULINAS E FEMININAS E ATRIBUTOS ESPECÍFICOS PARA HOMENS E MULHERES, JULGANDO QUE O CRUZAMENTO DESSAS FRONTEIRAS PODERIA FAVORECER O ESTÍMULO À HOMOSSEXUALIDADE NAS VIVÊNCIAS DOS SUJEITOS (NATIVIDADE, 2006). A PRÁTICA DO VOLEIBOL, QUANDO NÃO INDICADA PELA IGREJA, POR SUA ASSOCIAÇÃO À HOMOSSEXUALIDADE, É UM EXEMPLO DESTA AFIRMAÇÃO. \r\n
      \tMIREYA, EM SUA NARRATIVA, MOSTROU RESISTÊNCIA ÀS REGULAÇÕES PROMOVIDAS PELA RELIGIÃO, CONTESTANDO AS PRIVAÇÕES QUE A IGREJA EVANGÉLICA INSTITUÍA QUANDO ERA OBRIGADO A FREQUENTAR COM A FAMÍLIA. NESSE SENTIDO, A PERFORMATIZAÇÃO DA JUVENTUDE DO JOVEM ATLETA É CONSTRUÍDA EM OPOSIÇÃO A ENUNCIAÇÕES NATURALIZADAS SOBRE O SUJEITO JOVEM NA SOCIEDADE, TAL COMO ALIENADO, JUSTAMENTE PELA CRITICIDADE ASSUMIDA AO CONTEXTO RELIGIOSO EXPERIENCIADO, QUE BUSCAVA REGULAR SUA MASCULINIDADE E SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL.   \r\n
      \tÉ INTERESSANTE CONSTATAR NESTAS NARRATIVAS PROBLEMATIZADAS, QUE TROUXERAM A INTERSECÇÃO JUVENTUDE, MASCULINIDADE, ORIENTAÇÃO SEXUAL E RELIGIÃO, QUE EMBORA NÃO SEJA ESPERADO A INTEGRAÇÃO DE DOIS MARCADORES DA DIFERENÇA, EXEMPLIFICADOS PELA BI/HOMOSSEXUALIDADE E PELA RELIGIÃO EVANGÉLICA, POR SE MOSTRAREM ANTAGÔNICOS NA ORDEM SOCIAL, ELES OCORREM. AINDA QUE TAIS DISCURSOS RELIGIOSOS BUSQUEM INSTITUIR EM SEUS ESPAÇOS PERFORMATIZAÇÕES MAIS SEDIMENTADAS DA JUVENTUDE E NORMALIZADORAS DA MASCULINIDADE, RESISTÊNCIAS A ESSA NORMA OCORREM EM SUAS CONTINGÊNCIAS ESPECÍFICAS, JÁ QUE SUJEITOS JOVENS E NÃO HETEROSSEXUAIS, MESMO EM MEIO A DISPUTAS E TENSÕES, FAZEM-SE PRESENTES COMO MEMBROS DE IGREJAS EVANGÉLICAS.\r\n
      \r\n
      CONSIDERAÇÕES FINAIS\r\n
      BUSQUEI NESTE TRABALHO DISCUTIR A INTERSECÇÃO ENTRE AS CATEGORIAS JUVENTUDE, MASCULINIDADE, ORIENTAÇÃO SEXUAL E RELIGIÃO, POR MEIO DE NARRATIVAS DE JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL, QUE SE IDENTIFICAVAM COMO HOMENS CISGÊNEROS, HOMOSSEXUAIS E BISSEXUAIS. DE UM MODO GERAL, AS ENUNCIAÇÕES DOS JOVENS ATLETAS APONTARAM AS DISPUTAS QUE OCORREM NO INTERIOR DAS IGREJAS EVANGÉLICAS PELA TENTATIVA DE CONTROLE E REGULAÇÃO DE MASCULINIDADES NÃO HETEROSSEXUAIS EM SEUS ESPAÇOS. OS DISCURSOS DA RELIGIÃO, RELATADOS NAS ENUNCIAÇÕES DE DOIS SUJEITOS, SIGNIFICARAM-SE PELA TENTATIVA DE ESTABILIZAÇÃO DE UM MODO ESPECÍFICO DE SER HOMEM NA SOCIEDADE, ISTO É, NA VIVÊNCIA DEMARCADA DA MASCULINIDADE HETEROSSEXUAL COMO NORMA DO PROJETO INSTITUÍDO PELAS IGREJAS.\r\n
      ENTENDENDO QUE OS PROCESSOS DE DISPUTAS DE SENTIDOS SÃO PERMANENTES NA ORDEM SOCIAL, AS IGREJAS PRECISAM REPENSAR SEUS DISCURSOS DOGMÁTICOS E GENERIFICADOS QUE AINDA INSTITUEM MODOS UNÍVOCOS DE MASCULINIDADE ENTRE OS FREQUENTADORES DE SEUS ESPAÇOS. A PESQUISA AQUI DISCUTIDA MOSTROU QUE SUJEITOS QUE PERFORMATIZAM MODOS OUTROS DE MASCULINIDADES, DIVERGENTES DO INSTITUÍDO PELA RELIGIÃO EVANGÉLICA, MARCAM PRESENÇA NOS ESPAÇOS DAS IGREJAS, SEJA COMO FIÉIS, SEJA TAMBÉM EM OUTRAS INSTÂNCIAS DE SOCIALIZAÇÃO – COMO, POR EXEMPLO, PARA JOGAR VOLEIBOL – E PRECISAM SER RESPEITADOS EM SUAS DIFERENÇAS.\r\n
      \t\r\n
      REFERÊNCIAS \r\n
      ARFUCH, L. O ESPAÇO BIOGRÁFICO: DILEMAS DA SUBJETIVIDADE CONTEMPORÂNEA. RIO DE JANEIRO: ED. UERJ, 2010.\r\n
      \r\n
      BILGE, S. SMUGGLING INTERSECTIONALITY INTO THE STUDY OF MASCULINITY: SOME METHODOLOGICAL CHALLENGES. FEMINIST RESEARCH METHODS: AN INTERNATIONAL CONFERENCE, 2009, STOCKHOLM. ANAIS... STOCKHOLM: 2009. \r\n
      \r\n
      BRITO, L. T. ENUNCIAÇÕES DE MASCULINIDADE EM NARRATIVAS DE JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL: LEITURAS EM HORIZONTE QUEER. 2018. 228F. TESE (DOUTORADO EM EDUCAÇÃO), PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2018.\r\n
      \r\n
      BUTLER, J. CORPOS QUE IMPORTAM: OS LIMITES DISCURSIVOS DO “SEXO”. SÃO PAULO: N-1 EDIÇÕES, 2019.\r\n
      \r\n
      ECCO, C. A FUNÇÃO DA RELIGIÃO NA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA MASCULINIDADE. REVISTA DA ABORDAGEM GESTÁLTICA: PHENOMENOLOGICAL STUDIES, GOIÂNIA, V. 14, N. 1, P. 93-97, JUN. 2008.\r\n
      \r\n
      GASTALDI, R.; SILVA, R. DE ADÃO À EVA: A CONSTRUÇÃO DA MASCULINIDADE A PARTIR DO DISCURSO DO CRISTIANISMO. REVISTA MUNDI SOCIAIS E HUMANIDADES, CURITIBA, V. 3, N. 2, JAN./JUN. 2018.\r\n
      \r\n
      LEITE, M. PERFORMATIVIDADE: INSCRIÇÕES, CONTEXTOS, DISSEMINAÇÕES. PRÁXIS EDUCATIVA, PONTA GROSSA, V. 9, P. 141-165, JAN./JUN. 2014. \r\n
      \r\n
      NATIVIDADE, M. HOMOSSEXUALIDADE, GÊNERO E CURA EM PERSPECTIVAS PASTORAIS EVANGÉLICAS. REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, SÃO PAULO, V. 21, P. 115-132, JUN. 2006.
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Publicado em 19 de outubro de 2022

Resumo

EINTRODUÇÃO ABORDO NESTE TEXTO UM RECORTE DE UMA PESQUISA MAIS AMPLA QUE DISCUTIU OS PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO DE JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL CISGÊNEROS E QUE SE AUTOIDENTIFICAVAM COMO HOMENS HOMOSSEXUAIS E BISSEXUAIS. NESSE CONTEXTO, A TEMÁTICA RELIGIÃO EMERGIU NA PRODUÇÃO DE NARRATIVAS E FOI ENUNCIADA COMO UM MARCADOR DA DIFERENÇA QUE AFETAVA AS EXPERIÊNCIAS DESSES SUJEITOS. A RELIGIÃO É, HISTORICAMENTE, UM CAMPO QUE SE ENGAJA NAS DISPUTAS EM TORNO DA MANUTENÇÃO DAS NORMAS DE GÊNERO NA SOCIEDADE. COMO DESTACOU ECCO (2008), AS EXPRESSÕES RELIGIOSAS ORIUNDAS DA TRADIÇÃO CRISTÃ, RECORRENTEMENTE, DÃO MUITA ÊNFASE À MANUTENÇÃO DA SUPREMACIA HIERÁRQUICA MASCULINA, CORROBORANDO PARA MOLDAR OS SUJEITOS, DADA SUA FORTE INFLUÊNCIA SOCIAL. CONSIDERA A RELIGIÃO COMO UM CAMPO SIMBÓLICO IMPORTANTE E QUE ENFATIZA, DESDE OS MECANISMOS MAIS SUTIS DE INFLUÊNCIA NA VIDA DOS SUJEITOS, UM ESPAÇO PRIVILEGIADO DE CONSTRUÇÃO SOCIAL DA SUPREMACIA CULTURAL DA MASCULINIDADE. OUTROS AUTORES, COMO GASTALDI E SILVA (2018), APONTARAM QUE TAL CONDIÇÃO IMPOSTA PELA RELIGIÃO FAVORECEU OS HOMENS, COLOCANDO-OS NUMA POSIÇÃO DE DESTAQUE NA ESTRUTURA SOCIAL E REAFIRMANDO SEUS PRIVILÉGIOS NA SOCIEDADE. TAMBÉM ENFATIZARAM AS DISPUTAS QUE OCORREM ENTRE ESSA IDENTIDADE MASCULINA, QUE É DEFINIDA E PAUTADA NOS SEGUIMENTOS RELIGIOSOS DESDE OS PRIMÓRDIOS DA CRISTANDADE, E AS NOVAS DEMANDAS CONTEMPORÂNEAS, QUE SÃO COLOCADAS AOS SUJEITOS PARA CONTESTAR A RIGIDEZ DOS PAPÉIS ESTABELECIDOS SOCIALMENTE PELA IGREJA. ENTRE ESSAS NOVAS DEMANDAS, PODE-SE APONTAR A ARTICULAÇÃO ENTRE MASCULINIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL. NESSA DISCUSSÃO, O POSICIONAMENTO DA RELIGIÃO SOBRE O TEMA DA HOMOSSEXUALIDADE SE TORNA, NA MAIOR PARTE DAS VEZES, ATÉ MAIS RADICAL. BUSCANDO DISCUTIR AS AFETAÇÕES DA RELIGIÃO EM NARRATIVAS SOBRE AS MASCULINIDADES NO ESPORTE, COM FOCALIZAÇÃO NO VOLEIBOL, SABE-SE QUE A PARTICIPAÇÃO DE HOMENS NÃO HETEROSSEXUAIS EM ESPAÇOS DE PRÁTICA DESTE ESPORTE É UM FENÔMENO CULTURAL RECORRENTE NO BRASIL, QUE ATRAVESSA TANTO O CONTEXTO PROFISSIONAL, COM JOGADORES GAYS E BISSEXUAIS PRESENTES EM EQUIPES DA SUPERLIGA MASCULINA E NA SELEÇÃO BRASILEIRA, COMO EM CAMPEONATOS ESCOLARES, AMADORES E DE CATEGORIAS DE BASE QUE OCORREM EM DIVERSAS PARTES DO PAÍS (BRITO, 2018). DESSE MODO, APRESENTO NA SEQUÊNCIA A METODOLOGIA UTILIZADA NA PESQUISA EMPÍRICA DESTE TRABALHO. METODOLOGIA FORAM PRODUZIDAS NARRATIVAS COM JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL DAS CATEGORIAS JUVENIS DE CLUBES LOCALIZADOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO E DEZEMBRO DE 2016. OS SUJEITOS IDENTIFICAVAM-SE COMO HOMENS CISGÊNEROS E A ORIENTAÇÃO SEXUAL VARIAVA ENTRE A HOMOSSEXUALIDADE E A BISSEXUALIDADE, OCORRENDO CERTA FLUIDEZ NESSE PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO. QUANTO À RELIGIÃO, APENAS UM JOVEM IDENTIFICAVA-SE COMO CANDOMBLECISTA, CINCO COMO CATÓLICOS, CINCO COMO EVANGÉLICOS E NOVE AFIRMARAM NÃO TER RELIGIÃO. AS NARRATIVAS FORAM CONSTRUÍDAS PELOS PRINCÍPIOS DE ARFUCH (2010), QUE DEFENDE A PRODUÇÃO DE NARRATIVAS BASEADA NUMA “TEORIA DO SUJEITO QUE CONSIDERE SEU CARÁTER NÃO ESSENCIAL, SEU POSICIONAMENTO CONTINGENTE E MÓVEL NAS DIVERSAS TRAMAS EM QUE SUA VOZ SE TORNA SIGNIFICANTE” (P. 31-32). SUAS PROPOSIÇÕES SOBRE NARRRATIVAS ENFATIZAM UMA PERSPECTIVA DE NÃO HIERARQUIZAÇÃO ENTRE PESQUISADOR E SUJEITOS, NUMA RELAÇÃO, SOBRETUDO, DIALÓGICA E ALTERITÁRIA NO CONTEXTO DE PRODUÇÃO DOS RELATOS NAS ENTREVISTAS. AS NARRATIVAS PRODUZIDAS FORAM ANALISADAS POR UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA A PESQUISA SOBRE MASCULINIDADES, FUNDAMENTADA NA TEORIZAÇÃO DA INTERSECCIONALIDADE E DESENVOLVIDA POR BILGE (2009). A AUTORA PROPÕE A INTERPRETAÇÃO DAS CATEGORIAS GÊNERO, ORIENTAÇÃO SEXUAL, RAÇA, CLASSE, ETNIA, RELIGIÃO, IDADE E DEFICIÊNCIA, ENTRE OUTRAS, EM NARRATIVAS PRODUZIDAS POR ENTREVISTAS, POR MEIO DE ALGUMAS QUESTÕES QUE SÃO APLICADAS ÀS NARRATIVAS. DISCUTO COM MAIS DETALHES A TEORIA DA INTERSECCIONALIDADE NESTA PRÓXIMA SESSÃO DO RESUMO. REFERENCIAL TEÓRICO A TEORIZAÇÃO DA PERFORMATIVIDADE É BASILAR NESSA PROPOSTA. POR ESSA PERSPECTIVA, BUTLER (2019) AFIRMA QUE A LINGUAGEM, QUANDO REPETIDA E REITERADA, TEM A CAPACIDADE DE PRODUZIR EFEITOS DE REALIDADE E, ASSIM, PARTICIPAR DAS CONSTRUÇÕES DOS SENTIDOS EM CIRCULAÇÃO NA SOCIEDADE. DESSE MODO, A AUTORA ENTENDE SEXO, GÊNERO E SEXUALIDADE COMO PERFORMATIVOS, ISTO É, CONSIDERA ESSAS IDENTIFICAÇÕES, MESMO INSTITUÍDAS NA COERÊNCIA NORMATIVA SEXO-GÊNERO-DESEJO, INSTÁVEIS E PRECÁRIAS. POR MEIO DA REPETIÇÃO ESTILIZADA DO CORPO POR FALAS, ATOS E GESTOS, SENTIDOS DO MASCULINO E DO FEMININO, ENUNCIADOS POR UMA MATRIZ HETEROSSEXUAL E RECONHECIDOS DENTRO DE UM QUADRO BINÁRIO, ESTÃO PASSÍVEIS DE FRACASSO E DE RESSIGNIFICAÇÕES. NESSA DISCUSSÃO, A PROPONDO COMO DISCUSSÃO A IDENTIFICAÇÃO DA JUVENTUDE COMO PERFORMATIVA, LEITE (2014, P. 148) DESTACA QUE “EXISTEM AS PRÁTICAS REGULADORAS DA COERÊNCIA DA IDADE QUE, ‘PERFORMATIVAMENTE’, DICOTOMIZAM E HIERARQUIZAM A CRIANÇA/ADOLESCENTE/JOVEM RELATIVAMENTE AO ADULTO”, O QUE PERMITE CONTESTAR ATRIBUIÇÕES NATURALIZADAS – COMO IRRESPONSÁVEL, HEDONISTA, ALIENADO, ENTRE OUTRAS – COMUMENTE REPETIDAS EM ENUNCIAÇÕES DIRECIONADAS AO SUJEITO JOVEM NA SOCIEDADE E QUE CORROBORA COM O DISCURSO DO SENSO COMUM DE ESSENCIALIZAÇÃO DA IDENTIFICAÇÃO DA JUVENTUDE EM VARIADAS ESFERAS DA SOCIEDADE. TAL CONSTRUÇÃO DE MOSTRA POTENTE PARA A ARTICULAÇÃO DA JUVENTUDE COM A MASCULINIDADE E A ORIENTAÇÃO SEXUAL NAS DISCUSSÕES AQUI DESENVOLVIDAS. ENTENDENDO QUE AS PERFORMATIZAÇÕES DAS IDENTIFICAÇÕES ANUNCIADAS PODEM SER AFETADAS MUTUAMENTE E POR DIVERSOS OUTROS MARCADORES DA DIFERENÇA, COMO A PRÓPRIA RELIGIÃO, A ABORDAGEM INTERSECCIONAL (BILGE, 2009) SE MOSTRA IMPORTANTE NESSA ARTICULAÇÃO EPISTÊMICA. RECONHECENDO QUE NÃO SE TRATA DE UM MERO SOMATÓRIO DE OPRESSÕES, MAS DE UMA ABORDAGEM INTEGRADA QUE ARTICULA CATEGORIZAÇÕES DA DIFERENÇA, MATERIALIZADAS EM DESIGUALDADES, QUE EMERGEM E INTERPELAM AS VIVÊNCIAS DOS SUJEITOS, A INTERSECCIONALIDADE É UMA ABORDAGEM ANALÍTICO-POLÍTICA POTENTE PARA PROBLEMATIZAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DE DIFERENTES ATRAVESSAMENTOS IDENTITÁRIOS NAS EXPERIÊNCIAS COTIDIANAS DOS SUJEITOS. RESULTADOS E DISCUSSÃO ENTRE AS NARRATIVAS SELECIONADAS PARA DISCUSSÃO, DESTACO DOIS JOVENS ATLETAS: LUQUINHA, 19 ANOS, HOMOSSEXUAL E EVANGÉLICO; MIREYA, 19 ANOS, BISSEXUAL E SEM RELIGIÃO. NA ENTREVISTA COM LUQUINHA, FUI SURPREENDIDO PELA INFORMAÇÃO DE QUE, ALÉM DO CLUBE, ELE TAMBÉM JOGAVA VOLEIBOL POR SUA IGREJA. 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O AUTOR, RECORRENDO A UM MAPEAMENTO DE OBRAS DO UNIVERSO EVANGÉLICO SOBRE O TEMA EM MATERIAIS NACIONAIS E INTERNACIONAIS, DISTINGUE TRÊS CATEGORIAS NO DISCURSO EVANGÉLICO DA CURA GAY: CURA, LIBERTAÇÃO E RESTAURAÇÃO SEXUAL, ONDE TÉCNICAS DA PSICOLOGIA E TRECHOS DA BÍBLIA SÃO UTILIZADOS EM INTERLOCUÇÃO PARA CONSTRUIR AS PREMISSAS QUE COLOCAM A HOMOSSEXUALIDADE ASSOCIADA À PROMISCUIDADE, PEDOFILIA E DOENÇA. LUQUINHA TAMBÉM ENUNCIOU EM SUA NARRATIVA, QUE SERIA POSSÍVEL SE AUTOIDENTIFICAR COMO UM JOVEM GAY E EVANGÉLICO A PARTIR DO MOMENTO EM QUE HOUVESSE O ENQUADRAMENTO DO SUJEITO NOS DISCURSOS REGULATÓRIOS DA IGREJA, AFASTANDO-SE DAS DROGAS, DA BEBIDA E DO SEXO. O JOVEM ATLETA JUSTIFICOU, INCLUSIVE, QUE TAL DISCURSO DA IGREJA É DIRECIONADO A HOMENS E MULHERES HETEROSSEXUAIS E NÃO APENAS ÀS PESSOAS HOMOSSEXUAIS. A REGULAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE E DE PRÁTICAS SEXUAIS TIDAS COMO FORA DA NORMA PELAS IGREJAS EVANGÉLICAS, DECORRE DA ARTICULAÇÃO DE ELEMENTOS DA TRADIÇÃO RELIGIOSA E DE CERTOS MODOS DE SUBJETIVAÇÃO MODERNOS, COM O OBJETIVO DE CONTROLE DOS DESEJOS DOS SUJEITOS (NATIVIDADE, 2006). TAL CONTROLE, VEM AO ENCONTRO DE SE IMPOR MECANISMOS REGULATÓRIOS SOBRE PERFORMATIZAÇÕES DE MASCULINIDADES DISSIDENTES À NORMA NO CONTEXTO DA IGREJA EM QUE FREQUENTAVA, POIS, A RELIGIÃO EVANGÉLICA, NA CONTINGÊNCIA NARRADA, NEGOCIAVA POSSIBILIDADES DE MODOS OUTROS DE “SER HOMEM” EM SEUS ESPAÇOS. CONFORME A NARRATIVA, A IGREJA, SUPOSTAMENTE, FAZIA USO DO ESPORTE TAMBÉM PARA OUTROS FINS, TAIS COMO PROJETOS DE REVERSÃO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL, CONSIDERANDO A MAIOR PRESENÇA DE SUJEITOS QUE NÃO SE IDENTIFICAVAM COMO HETEROSSEXUAIS NA EQUIPE DE VOLEIBOL. NA ENTREVISTA COM MIREYA, DESTACOU-SE SUA POSIÇÃO CONTRÁRIA AOS DISCURSOS DA IGREJA EM QUE FREQUENTAVA, OPTANDO POR SE AFASTAR DA RELIGIÃO EVANGÉLICA, DEVIDO AS POSIÇÕES ANTAGÔNICAS À SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL. ENTRETANTO AFIRMOU QUE CONTINUA MANTENDO SUA FÉ, JÁ QUE PRECEITOS QUE JULGA COMO IMPORTANTES, COMO CARÁTER, PODEM SER INCORPORADOS INDEPENDENTEMENTE DE ESTAR OU NÃO EM UMA IGREJA. ATRAVESSANDO O PRÓPRIO DISCURSO QUE SUBALTERNIZA A HOMOSSEXUALIDADE COMO ORIENTAÇÃO SEXUAL, SUA IGREJA TAMBÉM ASSOCIAVA A PRÁTICA DO VOLEIBOL COMO UM ESPORTE NÃO VOLTADO A SUJEITOS QUE SE IDENTIFICAVAM COMO HETEROSSEXUAIS, TOLHENDO DUPLAMENTE O INTERESSE DO JOVEM ATLETA EM SE MANTER NAQUELE ESPAÇO. SABE-SE QUE AS NORMALIZAÇÕES DE GÊNERO TAMBÉM SE FAZEM PRESENTES NO DISCURSO DE MARGINALIZAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE, POR EXEMPLO, QUANDO A IGREJA ENFATIZA A DIVISÃO DE PRÁTICAS MASCULINAS E FEMININAS E ATRIBUTOS ESPECÍFICOS PARA HOMENS E MULHERES, JULGANDO QUE O CRUZAMENTO DESSAS FRONTEIRAS PODERIA FAVORECER O ESTÍMULO À HOMOSSEXUALIDADE NAS VIVÊNCIAS DOS SUJEITOS (NATIVIDADE, 2006). A PRÁTICA DO VOLEIBOL, QUANDO NÃO INDICADA PELA IGREJA, POR SUA ASSOCIAÇÃO À HOMOSSEXUALIDADE, É UM EXEMPLO DESTA AFIRMAÇÃO. MIREYA, EM SUA NARRATIVA, MOSTROU RESISTÊNCIA ÀS REGULAÇÕES PROMOVIDAS PELA RELIGIÃO, CONTESTANDO AS PRIVAÇÕES QUE A IGREJA EVANGÉLICA INSTITUÍA QUANDO ERA OBRIGADO A FREQUENTAR COM A FAMÍLIA. NESSE SENTIDO, A PERFORMATIZAÇÃO DA JUVENTUDE DO JOVEM ATLETA É CONSTRUÍDA EM OPOSIÇÃO A ENUNCIAÇÕES NATURALIZADAS SOBRE O SUJEITO JOVEM NA SOCIEDADE, TAL COMO ALIENADO, JUSTAMENTE PELA CRITICIDADE ASSUMIDA AO CONTEXTO RELIGIOSO EXPERIENCIADO, QUE BUSCAVA REGULAR SUA MASCULINIDADE E SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL. É INTERESSANTE CONSTATAR NESTAS NARRATIVAS PROBLEMATIZADAS, QUE TROUXERAM A INTERSECÇÃO JUVENTUDE, MASCULINIDADE, ORIENTAÇÃO SEXUAL E RELIGIÃO, QUE EMBORA NÃO SEJA ESPERADO A INTEGRAÇÃO DE DOIS MARCADORES DA DIFERENÇA, EXEMPLIFICADOS PELA BI/HOMOSSEXUALIDADE E PELA RELIGIÃO EVANGÉLICA, POR SE MOSTRAREM ANTAGÔNICOS NA ORDEM SOCIAL, ELES OCORREM. AINDA QUE TAIS DISCURSOS RELIGIOSOS BUSQUEM INSTITUIR EM SEUS ESPAÇOS PERFORMATIZAÇÕES MAIS SEDIMENTADAS DA JUVENTUDE E NORMALIZADORAS DA MASCULINIDADE, RESISTÊNCIAS A ESSA NORMA OCORREM EM SUAS CONTINGÊNCIAS ESPECÍFICAS, JÁ QUE SUJEITOS JOVENS E NÃO HETEROSSEXUAIS, MESMO EM MEIO A DISPUTAS E TENSÕES, FAZEM-SE PRESENTES COMO MEMBROS DE IGREJAS EVANGÉLICAS. CONSIDERAÇÕES FINAIS BUSQUEI NESTE TRABALHO DISCUTIR A INTERSECÇÃO ENTRE AS CATEGORIAS JUVENTUDE, MASCULINIDADE, ORIENTAÇÃO SEXUAL E RELIGIÃO, POR MEIO DE NARRATIVAS DE JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL, QUE SE IDENTIFICAVAM COMO HOMENS CISGÊNEROS, HOMOSSEXUAIS E BISSEXUAIS. DE UM MODO GERAL, AS ENUNCIAÇÕES DOS JOVENS ATLETAS APONTARAM AS DISPUTAS QUE OCORREM NO INTERIOR DAS IGREJAS EVANGÉLICAS PELA TENTATIVA DE CONTROLE E REGULAÇÃO DE MASCULINIDADES NÃO HETEROSSEXUAIS EM SEUS ESPAÇOS. OS DISCURSOS DA RELIGIÃO, RELATADOS NAS ENUNCIAÇÕES DE DOIS SUJEITOS, SIGNIFICARAM-SE PELA TENTATIVA DE ESTABILIZAÇÃO DE UM MODO ESPECÍFICO DE SER HOMEM NA SOCIEDADE, ISTO É, NA VIVÊNCIA DEMARCADA DA MASCULINIDADE HETEROSSEXUAL COMO NORMA DO PROJETO INSTITUÍDO PELAS IGREJAS. ENTENDENDO QUE OS PROCESSOS DE DISPUTAS DE SENTIDOS SÃO PERMANENTES NA ORDEM SOCIAL, AS IGREJAS PRECISAM REPENSAR SEUS DISCURSOS DOGMÁTICOS E GENERIFICADOS QUE AINDA INSTITUEM MODOS UNÍVOCOS DE MASCULINIDADE ENTRE OS FREQUENTADORES DE SEUS ESPAÇOS. A PESQUISA AQUI DISCUTIDA MOSTROU QUE SUJEITOS QUE PERFORMATIZAM MODOS OUTROS DE MASCULINIDADES, DIVERGENTES DO INSTITUÍDO PELA RELIGIÃO EVANGÉLICA, MARCAM PRESENÇA NOS ESPAÇOS DAS IGREJAS, SEJA COMO FIÉIS, SEJA TAMBÉM EM OUTRAS INSTÂNCIAS DE SOCIALIZAÇÃO – COMO, POR EXEMPLO, PARA JOGAR VOLEIBOL – E PRECISAM SER RESPEITADOS EM SUAS DIFERENÇAS. REFERÊNCIAS ARFUCH, L. O ESPAÇO BIOGRÁFICO: DILEMAS DA SUBJETIVIDADE CONTEMPORÂNEA. RIO DE JANEIRO: ED. UERJ, 2010. BILGE, S. SMUGGLING INTERSECTIONALITY INTO THE STUDY OF MASCULINITY: SOME METHODOLOGICAL CHALLENGES. FEMINIST RESEARCH METHODS: AN INTERNATIONAL CONFERENCE, 2009, STOCKHOLM. ANAIS... STOCKHOLM: 2009. BRITO, L. T. ENUNCIAÇÕES DE MASCULINIDADE EM NARRATIVAS DE JOVENS ATLETAS DE VOLEIBOL: LEITURAS EM HORIZONTE QUEER. 2018. 228F. TESE (DOUTORADO EM EDUCAÇÃO), PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2018. BUTLER, J. CORPOS QUE IMPORTAM: OS LIMITES DISCURSIVOS DO “SEXO”. SÃO PAULO: N-1 EDIÇÕES, 2019. ECCO, C. A FUNÇÃO DA RELIGIÃO NA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA MASCULINIDADE. REVISTA DA ABORDAGEM GESTÁLTICA: PHENOMENOLOGICAL STUDIES, GOIÂNIA, V. 14, N. 1, P. 93-97, JUN. 2008. GASTALDI, R.; SILVA, R. DE ADÃO À EVA: A CONSTRUÇÃO DA MASCULINIDADE A PARTIR DO DISCURSO DO CRISTIANISMO. REVISTA MUNDI SOCIAIS E HUMANIDADES, CURITIBA, V. 3, N. 2, JAN./JUN. 2018. LEITE, M. PERFORMATIVIDADE: INSCRIÇÕES, CONTEXTOS, DISSEMINAÇÕES. 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