O romance Jane Eyre, de Charlotte Brontë, é a narrativa de formação (bildungsroman) de sua personagem título, que inicia as suas memórias no tempo de sua infância, como convém ao romance de formação tradicional. Ao situar a sua orfandade entre os espaços hostis da casa de sua tia e da instituição de ensino onde vive os primeiros dezoito anos de sua vida, a narradora evidencia não apenas a subjetividade romântica, da qual o romance vitoriano é devedor, representada por meio da figura da protagonista, mas flagrantes biográficos da própria Charlotte Brontë. Ao analisarmos a infância da narradora/autora, procuramos nos fundamentar na valorização da subjetividade literária, trazida à tona pelo movimento romântico inglês, e suas repercussões na narrativa vitoriana.