O passado colonial vivenciado por vários grupos e nações fora da Europa legou, principalmente para os afro-descendentes e indígenas, uma série de fissuras identitárias e territoriais. Alteridades diferenciais, a exemplo do negro e do índio no Brasil, são dos que mais padecem com tal legado. A literatura, nesse sentido, se configura como um espaço de resistência onde identidade, alteridade e auto-história são ressignificados e reafirmados através, por exemplo, da incorporação de aspectos ligados à oralidade ancestral negra e indígena, como o exercício griótico. Exercício que aparece representado como uma das principais vias de manutenção da memória coletiva nos trabalhos literários infanto-juvenis de Maria das Graças Ferreira Graúna e Inaldete Pinheiro de Andrade, recortados no presente trabalho nas obras Criaturas de Ñanderu e O Be-a-bá do Baobá. Objetivamos, portanto, empreender leituras aproximativas dos livros referidos, enfocando as problematizações étnicas e identitárias que são consubstanciadas através da contação de histórias, recurso característico tanto da didática no âmbito da educação institucional quanto na tradição particular de culturas como as africanas e as indígenas.