Ariano Suassuna, em seu Romance d’A Pedra do Reino, afirma, de forma recorrente, um vínculo profundo entre a Grécia cantada por Homero e as histórias de sangue e valentia que povoam as narrativas de cantadores e cordelistas do Nordeste brasileiro. Para o autor, entre os aedos gregos e os cantadores do Nordeste é possível identificar uma unidade básica, já que ambos, igualmente, se dedicam a guardar, pela oralidade, a memória dos acontecimentos notáveis. É esta aproximação entre gregos e sertanejos que permite que o protagonista de seu romance vislumbre sua narrativa como uma espécie de “Sertaneida, Nosdestíada ou Brasiléia”. Este trabalho, portanto, tem como objetivo discorrer sobre o parentesco, atribuído por Suassuna, entre formas de expressões eruditas e populares, manifestações culturais distantes no tempo e no espaço.