Lira dos Vinte Anos, na primeira parte, de acordo com o próprio poeta (1998, p. 11), representa a fantasia da infância em “cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou”. Queremos ver nessas afirmações um autor buscando construir uma inscrição poética, apoiado na visão ainda romântica de uma infância paradisíaca, constante no seu tempo. Há uma imagem da infância mais preocupada com o belo em uma experiência lírica que desenvolve uma sensibilidade para os acordes, os “cantos”, a musicalidade que os sentimentos desencadeiam, ligada à imaginação e aos sonhos perdidos do poeta. Além disso, as epígrafes usadas em cada poema dessa parte deixam pistas as quais confirmam a formação do leitor Álvares de Azevedo.