A orientação é um esporte de corrida de resistência composto por componentes físicos e cognitivos,
no qual o atleta, com o auxílio de um mapa e uma bússola, deve concluir no menor tempo possível
um percurso com vários pontos distribuídos em terreno desconhecido. Por ser tratar de um esporte
que trabalha tanto físico quanto cognitivo, torna-se uma excelente ferramenta para estudar o estresse
e suas alterações fisiológicas em atletas. Entretanto, há poucos estudos relacionando o esporte
Orientação e suas adaptações fisiológicas e bioquímicas durante competição. Sendo assim, o
objetivo deste estudo foi avaliar as alterações bioquímicas induzidas pelo exercício físico intenso
em atletas durante uma competição de Orientação. Para isto, utilizou-se 51 atletas da categoria elite
de Orientação sendo 40 homens e 11 mulheres com média de idade de ± 25 anos, que participaram
do Campeonato Brasileiro. Foi aplicado a Escala de Percepção de Esforço (Escala de Borg)
adaptada para mensurar a intensidade do esforço realizado pelos atletas durante a pista e o
Inventário de Sintomas de Estresse de Lipp para avaliar o nível de estresse dos atletas. As alterações
fisiológicas decorrente do estresse físico foram avaliados por meio de dosagens bioquímicas de
Colesterol, Triglicerídeos, Glicose, Ureia, Creatinina, ALT, AST e hemograma completo. Os dados
foram analisados usando o software GraphPad Prism 6 e baseados em análise estatística de Média e
Desvio Padrão. Foi aplicado teste t student e as correlações de dados foram estabelecidos utilizando
o coeficiente de Spearman. Adotou-se diferenças significativas de P<0,05. Os resultados da Escala
de Percepção de Esforço mostraram um aumento significativo no nível de esforço físico dos atletas
após a corrida quando comparado a média da primeira aplicação do teste, evidenciando que a
esporte de Orientação foi considerado intenso pelos atletas. Em relação a avaliação do nível de
estresse, foi possível observar um aumento significativo da sintomatologia de estresse após a
competição, indicando a presença inicial de estresse na fase de alerta na maioria dos avaliados.
Foram observados ainda, aumento significativo nas concentrações de ureia, ALT, leucócitos,
neutrófilos, plaquetas, hematócrito, hemácias, hemoglobina e uma diminuição nos níveis de
triglicerídeos. Não foram encontradas diferenças estatísticas nas concentrações de colesterol,
glicose, AST e no número de linfócitos circulantes. No entanto, foi possível observar uma
correlação entre o aumento da creatinina e dos números de monócitos, eosinófilos com os demais
parâmetros avaliados. Espera-se que estes resultados estimulem novas pesquisas nesta área a fim de
contribuir para a instauração de medidas de treinamentos que evitem as complicações associadas à
lesão muscular e inflamação crônica na prática do esporte de Orientação resultando na melhora do
desempenho e saúde dos atletas.