Pacientes com doença de Parkinson (DP) apresentam características clínicas diferentes, destacando-se dois subtipos motores: tremor dominante (TD) e instabilidade postural e dificuldades no andar (IPDA). As respostas posturais após perturbação externa inesperada são diferentes entre os subtipos da DP: pacientes com TD demonstram alterações em fases iniciais da resposta e o IPDA permanece mais tempo em posição instável. Sabe-se também que pacientes com DP apresentam atraso na habituação das respostas posturais e, até o momento, não está clara a influência dos subtipos da DP na habituação destas respostas. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi investigar a influência do subtipo da DP nas respostas posturais durante a habituação às perturbações externas imprevisíveis. Participaram 29 pacientes, distribuídos em 2 grupos de acordo com o subtipo da DP (14 TD e 15 IPDA). O subtipo foi determinado a partir de itens da Unified Parkinson’s Disease Rating Scale, sendo que se a razão foi maior ou igual a 1,5, o paciente foi classificado como TD, e se foi menor ou igual a 1, IPDA. Na avaliação do controle postural, a perturbação foi causada pela translação da base de suporte do indivíduo no sentido posterior com velocidade de 15 cm/s e deslocamento de 5 cm. Dezessete tentativas foram realizadas no total, porém, em apenas sete ocorreu a perturbação, determinada de maneira randômica. Os parâmetros do centro de pressão (CoP) analisados foram: tempo para o pico (TTP), tempo para recuperar a posição estável, pico e amplitude do deslocamento. Para a análise estatística, ANOVAs two-way com fator para grupo (IPDA e TD) e tentativa (1x2x3x4x5x6x7) foram utilizadas. Além disso, dois contrastes planejados foram realizados quando interação e/ou efeito principal de tentativas foram revelados. ANOVA revelou efeito principal de tentativa para TTP (p<0,001), tempo para recuperar a posição estável (p=0,012) e amplitude do CoP (p<0,001). Pacientes com DP demonstraram menor TTP e menor tempo para recuperar a posição estável na tentativa 2 quando comparada à tentativa 1 (p<0,001, p=0,014), e maiores valores do TTP na tentativa 3 e do tempo de recuperação da posição estável na tentativa 1 em relação à 7 (p=0,005, p=0,012). Ambos os subtipos apresentaram maior amplitude do CoP na tentativa 1 quando comparada à 2 (p=0,010) e na tentativa 5 em relação à 7 (p=0,006). Além disso, a ANOVA revelou efeito principal de grupo, onde IPDA apresentou maior tempo para recuperar a posição estável quando comparado ao TD (p=0,011). A partir dos resultados é possível concluir que pacientes com IPDA apresentam piores respostas posturais frente às perturbações externas imprevisíveis, entretanto ambos os subtipos apresentam similar habituação à perturbação. Dessa forma, não há influência do subtipo da DP no atraso observado na habituação às perturbações externas imprevisíveis. Apoio FAPESP [#2016/00503-0; #2018/07385-9]; CAPES (Código de financiamento 001); CNPq (#309045/2017-7; 429549/2018-0).