BUENO, Fernanda Bananal. Profissão docente: o professor e o choque de realidade. Anais VII ENALIC... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/52543>. Acesso em: 19/11/2024 12:39
PROFISSÃO DOCENTE: O PROFESSOR E O 'CHOQUE DE REALIDADE' Fernanda Bananal Bueno ¹ febueno0310@gmail.com Instituto Federal do Triangulo Mineiro Campus Uberaba Eixo Temático: Processos de Ensino e aprendizagem Resumo O presente trabalho tem como objetivo apresentar um relato de experiência de estágio desta autora, discente do curso licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, da cidade de Uberaba, MG, em uma escola da rede pública de ensino estadual. A rigor, o cumprimento do estágio curricular obrigatório é exigido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9394/96), e é um momento da formação onde os alunos dos cursos de licenciatura têm seu primeiro contato com o âmbito escolar e com as atividades inerentes à profissão docente. Sem dúvidas, é uma experiência que permite o licenciando conhecer, participar, explorar e aprimorar na prática seus conhecimentos didáticos e pedagógicos adquiridos durante o curso, e, de fato, por algum período de tempo, participar efetivamente como professor da instituição concedente do estágio. Durante essas atividades curriculares, temos, normalmente, a presença e auxilio de um professor supervisor, de um orientador e, às vezes, o apoio de toda a instituição concedente, o que nos oferece um norteamento sobre por onde começar, o que fazer, e como devemos agir e se portar durante as aulas e no meio escolar. O Instituto Federal do Triangulo Mineiro, campus Uberaba, exige para os cursos de licenciatura o cumprimento de quatro (4) etapas obrigatórias de estágio, sendo cada uma delas de 100 horas, totalizando 400 horas de cumprimento deste requisito para a formação. A estruturação do estágio é organizada de forma com o que o licenciando comece do mais básico para o mais complexo nível de entendimento do meio escolar, com um olhar critico de professor. A primeira etapa é caracterizada pela observação da estrutura física, aspectos didáticos pedagógicos da instituição concedente, bem como a observação do funcionamento escolar. A segunda etapa de estágio caracteriza-se pela presença do estagiário no ensino fundamental, onde irá observar a estrutura e o funcionamento de uma sala de aula e uma intervenção em que o estagiário propõe uma atividade por ele ministrada, tendo uma prévia de como é dar aula. Na terceira etapa, a participação do estagiário é focada para os alunos do ensino médio, e tem como objetivos os mesmos da segunda etapa, ou seja, sua participação e atuação como professor em sala de aula. Na quarta etapa, o estagiário de fato assume a responsabilidade de uma turma, preparando aulas, atividades avaliativas, entre outras que condizem com a função de professor, onde o estagiário vivencia a verdadeira realidade do professor em sala de aula, com os problemas de turma, a disponibilidade de recursos, enfim, procedimentos para que o conteúdo programático seja ofertado da melhor forma possível. Em cumprimento da segunda etapa do estágio obrigatório, esta autora, que teve como objetivo de estágio a observação, análise e aplicação de uma intervenção adaptada para o 8º ano do ensino fundamental, onde realizaria uma aula prática para mostrar alguns alimentos selecionados que conteriam a presença de amido, com a utilização do reagente "iodo 3%", em que os alunos observariam a mudança de cor do alimento: caso fosse positiva a presença de amido, o alimento ficaria roxo em contato com reagente; em casos negativos, o alimento ficaria com a cor original do reagente, sendo ela amarela. A atividade teria como objetivo mostrar os alimentos com a presença ou não de amido, tendo como justificativa o fato do nutriente ser uma das principais fontes de energia para o corpo. Sendo uma aula informativa, comentamos com os alunos aspectos sobre os problemas da ingestão desses tipos de alimentos em excesso, e seus malefícios a saúde. Porém, a aula teve como realidade algo bem diferente do previsto para o cumprimento de suas atividades: esta autora se deparou com a realidade de um professor formado antes mesmo do tempo, em que, por motivos de afastamento do professor supervisor, foi lhe solicitado que desse continuidade à matéria das turmas do 6º, 7º, 8º e 9º anos, para que os alunos não tivessem prejuízo devido ao tempo de espera por um novo professor. Durante o estágio, sem o amparo de um professor supervisor dentro da sala de aula para o auxilio das atividades diárias, pude ter a percepção da verdadeira realidade do dia-a-dia escolar, em que apenas se conhece quando se é vivido, onde o estagiário/professor se depara com os problemas internos da instituição escolar, a realidade dos alunos, com a própria realidade, pela limitação dos conhecimentos adquiridos durante as aulas na faculdade, a frustração de não saber o que fazer para controlar uma sala. Também retratam o cotidiano, o sentimento de desrespeito vindo dos alunos por não ser um professor de formação a estar ali ministrando aulas, algumas das realidades vividas por iniciantes à docência e estagiários, juntamente com a percepção da verdadeira disponibilidade de tempo que o professor tem para a explicação correção de atividades e conteúdo, a realidade das interrupções das aulas pelos alunos por motivos de conversas, o tempo que é gasto para a organização de sala entre horários e, principalmente, nos horários de entrada e retorno do intervalo, a observação dos alunos como um todo e suas individualidades. Estas questões fazem com que o senso critico de um professor, ou no caso de um iniciante a carreira docente, tenha um olhar completamente diferente sobre as turmas e alunos. Ao ministrar as aulas para várias turmas de anos diferentes, nos deparamos com a realidade de que muitas vezes não lembramos com detalhes, ou ao menos sequer lembramos ou estudamos o conteúdo que devemos ministrar. Durante o estágio me deparei lendo ou relendo o conteúdo para que pudesse de fato realizar uma aula com clareza para os alunos, onde algumas vezes não me lembrava do conteúdo que já havia estudado durante a faculdade. Deparamos, também, com a realidade de cada sala e suas características, podendo ter salas mais quietas, salas mais agitadas, salas de fácil ou difícil controle, com essa visão pude perceber que ser professor e algo que se aprende com o tempo, com experiência vividas, com o dia a dia e quando se é iniciante o auxilio da direção e outro professores com mais vivencia pode contribuir para que a experiência seja mais agradável e menos frustrante. O ato de ser professor e poder ensinar tem um enorme valor para a formação do ser humano, a responsabilidade de mediar a informação para alguém e poder construir juntos o conhecimento e, às vezes, até mesmo despertar a curiosidade de um aluno faz com que a função do professor seja gratificante, e que muitas vezes supere as frustrações vividas pelo docente que encontra barreiras durante toda a carreira docente. Palavra Chave: Estágio curricular, Atividade Docente, Licenciaturas, Ciências Biológicas R eferências BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996. Regulamento do estágio dos cursos de licenciatura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Resolução nº 33/2012, de 26 de novembro de 2012