INDICADOR ÁCIDO-BASE NATURAL PARA O ENSINO DE EQUILÍBRIO QUÍMICO NO ENSINO MÉDIO Islany Keven das Chagas Silva[1]/islany.ke@gmail.com/IFPI Leilane Maria de Araújo Alves[2]/IFPI Erickes Weldes Cunha de Araújo[3]/IFPI Luís Miguel Pinheiro de Sousa[4]/IFPI Joaquim Soares da Costa Júnior[5]/IFPI Euxi Tenático: 1. Processos de Ensino e aprendizagem Resumo A química, ramo da ciência responsável pelo estudo da matéria e suas transformações, está por toda parte. Independente do uso consciente ou não em nosso dia-a-dia, ela se faz presente desde quando convertemos oxigênio em gás carbônico, no processo de respiração, e até mesmo quando colocamos o açúcar na água fervente, que logo em seguida para de borbulhar por alguns instantes devido a ebulioscopia. Sendo uma disciplina que historicamente possui um estereótipo de complicada, atribuída muitas vezes pelos próprios docentes, o ensino de química é um dos mais desafiadores da educação de modo geral. É necessário que haja um nível maior de abstração do aluno em comparação com outras disciplinas, pois lidamos com universos muito pequenos, muitas vezes menores que um átomo, e muitas vezes não existem dispositivos que auxiliem nesse processo. A experimentação, que é um item essencial do método científico e que ajuda consideravelmente nesse processo, é negligenciada devido a infraestrutura ruim da grande maioria das escolas de ensino básico. Nesse contexto, a utilização de materiais alternativos e presentes no cotidiano do aluno na experimentação se torna bastante útil e até mesmo necessário para facilitar a compreensão da química de uma maneira mais ampla, lúdica, e menos monótona. O objetivo do presente trabalho foi demonstrar como a experimentação no ensino de química pode ser realizada com materiais alternativos, de baixo custo e fácil acesso, utilizando como exemplo os conceitos básicos de volumetria ácido-base e equilíbrio químico. Para o desenvolvimento, que foi direcionado às turmas do 2º ano do ensino médio do Centro Estadual de Tempo Integral "Zacarias de Góis" / Liceu Piauiense, foi realizado de maneira prévia um levantamento bibliográfico acerca dos métodos de volumetria ácido-base, equilíbrio químico e da utilização da experimentação como metodologia no ensino de química, afim de obter um embasamento mais consistente no processo de aplicação. Em seguida, deu-se início a pesquisa, que foi constituída em duas etapas: a primeira, na qual foi realizada a aplicação de um questionário online com 6 perguntas pertinentes aos conceitos de ácido-base, equilíbrio químico e a experiência dos alunos vivenciada na disciplina de química, onde cada pergunta apresentava quatro alternativas e somente uma correta. e apenas 3 se caracterizava pessoal; Após, com a escolha das soluções, obtenção dos materiais e reagentes, realizou-se a segunda etapa, que consistiu na execução da prática no laboratório de ciências, na qual realizou-se uma breve abordagem dos conceitos ácido-base, equilíbrio químico e discussões acerca da caracterização da soluções utilizadas como ácido ou base, pH e como as demais soluções interferiam no cotidiano dos demais alunos, possibilitando o desenvolvimento reflexivo acerca do assunto que, após a execução do experimento, foi reaplicado o questionário inicial. Diante a execução do experimento recorrendo ao extrato do repolho roxo como um indicador ácido-base, evidencia-se que 100 % da turma apresentava faixa etária de 15-17 anos, dividindo-se em 63,16 % de alunos do sexo feminino e 36,84 % do sexo masculino. No início da prática foram apresentados aos alunos a metodologia, e as respectivas substâncias e materiais a serem utilizados, e em seguida foi questionado aos alunos: ¨Segundo seus conhecimentos, quais das soluções eram consideradas como ácidas ou básicas? E o que levaram a fazer essa escolha?". Considerando as soluções: (a) suco de limão; (b) água sanitária; (c) solução de sabão; observou-se a partir das respostas que, os alunos tiveram dificuldades de identificar corretamente o caráter da solução (b), como menciona o Aluno 1: "A solução (b) tinha característica ácida, pois apresentava odor forte e quanto tocado na pele poderia causar problemas". Entretanto, após a explicação sobre as definições ácido-base e escala de pH, os mesmos já apresentaram uma mudança na classificação inicial da solução (b) e modificando assim sua justificativa. Outros itens presentes no questionário, como "Você possui algum conhecimento sobre a definição das substâncias ácidas e básicas?", "Como você poderia identificar uma substância básica ou ácida sem toca-la?", "O que significa o pH de uma substância?", consideraram os conhecimentos prévios dos alunos, mensurando assim o que os alunos sabiam sobre as substâncias ácidas e básicas. Após a execução do experimento, os alunos foram questionados se houve alguma mudança na coloração das substâncias, avaliando também o motivo das mudanças de coloração da água sanitária, por exemplo, que ao decorrer de alguns minutos voltava a sua coloração inicial (incolor). Foi perguntado também sobre a característica do extrato do repolho roxo que permite que o mesmo possa ser utilizado como indicador ácido-base, e as respostas foram interessantes, uma vez que a maioria destacava que "o indicador tem o caráter neutro e não compreendia o motivo da mudança da coloração, apenas sabia que ia mudar a tonalidade". Em seguida, os próprios alunos questionaram o motivo da mudança da coloração e como ocorria segundo a química, o que possibilitou a abordagem da estrutura do indicador e o equilíbrio da antocianina, levando os próprios alunos tentar identificar em qual dos equilíbrios se encontravam cada solução após a adição do indicador. De análise aos resultados, nota-se que com à aplicação do questionário online de diagnóstico e de fixação, respectivamente antes e depois do experimento, foi de suma contribuição, destacando que por meio dos dados do primeiro questionário foi analisado o nível de conhecimento que os demais alunos apresentavam no tema em questão. Com base aos dados do primeiro questionário foram reformuladas perguntas importantes para reflexão durante a execução do experimento. Diante a realização do experimento, conclui-se que foi possível concretizar o objetivo do presente trabalho, que foi evidenciar a importância da experimentação no ensino de química tomando como exemplo os tópicos de volumetria ácido-base e equilíbrio químico, consequentemente contribuindo para o processo de ensino e aprendizado dos demais alunos. Destaca-se também a eficiência da metodologia utilizada, uma vez que foi possível instigar os alunos a refletir sobre o tema discutido, relacionar a sua importância com os seus contextos cotidianos e melhorar a articulação dos seus conhecimentos acerca do tema, e tão somente adquirir novos conhecimentos. Destaca-se também que melhor é a relação no processo de ensino-aprendizagem do aluno e professor, quando se executa atividades que se valorizam os conhecimentos prévios dos alunos, transmitindo assim aos alunos a confiança e vontade de adquirir mais conhecimento. Referências GIORDAN, Marcelo. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química Nova na Escola, São Paulo - SP, n. 10, p. 43-49, nov. 1999. HOFFMAN, J. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 2001. LIMA, K. S. Compreendendo as concepções de avaliação de professores de física através da teoria dos construtos pessoais. Recife, 2008. 163 p. Dissertação (Ensino das Ciências). Departamento de Educação, UFRPE, 2008. NARDI, R.; CORTELLA, B. S. C. Formação de professores de Física: das intenções legais ao discurso dos formadores. In: XVI Simpósio Nacional de Ensino de Física, 2005, Rio de Janeiro. Caderno de Resumos. São Paulo - SP: Sociedade Brasileira de Física, 2005. v. 1. p. 175-175, 2005.