Uma das funções do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) é "inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar, que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino aprendizagem" (CAPES, Edital 07/2018, p,01). Para tal, faz-se imprescindível um diagnóstico da realidade escolar que contemple conhecer a escola considerando seu Projeto Político Pedagógico, sua estrutura física, material e organizacional, o perfil dos profissionais e dos alunos, além das ações sócio-político-pedagógicas. Assim, através de uma investigação diagnóstica realizada pelos bolsistas do PIBID, o presente estudo analisa o componente curricular Educação Física (EF) na Escola Estadual de Ensino Médio Santos Ferraz a partir da percepção dos alunos considerando: o grau de importância atribuído pelos alunos à EF, os conteúdos que eles gostariam de estudar na escola, a satisfação com a metodologia e avaliação utilizada, a identificação das dificuldades e possíveis soluções sugeridas pelos próprios alunos em relação à EF. Entendendo o papel da escola como mediadora da construção da autonomia do aluno e partindo do pressuposto de que o professor deve levar seus alunos a "[...] pensar, desenvolver a reflexão, entender o que faz, raciocinar cientificamente e ter uma independência de pensamento" (BOAVENTURA, 2007, p. 6), a Educação Física através de uma abordagem pedagógica crítico superadora tem como função social "desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal [...]" (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 26). Para isso, utiliza-se de seus conteúdos que tratam "[...] pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada [...] de cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 41)". Neste sentido, a seleção, organização e sistematização do conteúdo deve promover a relação entre teoria e prática, superando as perspectivas fragmentadas que hora prezam o desenvolvimento de conteúdos procedimentais, hora enfatizam conteúdos conceituais. Sendo assim, a metodologia utilizada para este trabalho parte de uma abordagem qualitativa, utilizando um questionário contendo 6 perguntas (entre questões abertas, de alternativas e de escala entre 0 a 5, correspondendo entre péssimo a excelente respectivamente) referentes à Educação Física na escola em questão, aplicado nas turmas de 1°, 2° e 3° ano, dos turnos matutino e vespertino, correspondendo a um número de 623 alunos, considerando, para efeito deste estudo apenas 30% da amostra (187 alunos), escolhidos de forma aleatória, sendo 57% feminino, 33% masculino e 10% não quiseram se identificar. Após a coleta dos questionários e análise dos resultados obtidos, foi possível encontrar informações que embasam a realidade da Educação Física presente na escola, visto que, ao serem questionados sobre a importância da EF chegamos ao resultado de que cerca de 75% da mostra (141 alunos), atribuíram - numa escala de 0 a 5- o valor máximo de importância. Já ao serem questionados sobre a metodologia utilizada pela professora, 61% da mostra (115 discentes), atribuíram notas equivalentes a regular e bom, o que nos direcionam a inquietações a respeito da metodologia em si, visto que "o professor necessita refletir, discutir e, junto da comunidade escolar, tentar uma mudança na cultura escolar" (RANGEL; DARIDO, 2005). Além disso, é preciso "fomentar práticas docentes e estratégias educacionais inovadoras na área da educação física escolar" (CAPES, Edital 07/2018, p.02), com o objetivo de tornar os conteúdos da cultura corporal mais acessíveis. No que diz respeito aos conteúdos que os alunos gostariam de vivenciar na escola com mais frequência - deixando a resposta em aberto para que pudessem escolher mais de um conteúdo, e considerando os elementos da cultura corporal, percebemos nessas respostas a predominância de dois conteúdos: o esporte (futsal, basquete, natação, atletismo e vôlei), e a dança, seguidos pelos jogos e brincadeiras, as lutas e a ginástica. Em relação ao processo avaliativo utilizado, atribuindo uma escala de 0 a 5, obtivemos um resultado de 75% de aprovação (177 alunos), e como sugestão os alunos apontaram instrumentos avaliativos, dentre eles provas práticas e auto avaliação. Quando questionados sobre as dificuldades nas aulas de Educação Física, cerca de 57% dos entrevistados (107 alunos), responderam não ter nenhuma dificuldade, enquanto os demais apresentaram dificuldades nas aulas práticas, compreensão dos conteúdos, falta de concentração e insegurança. Referente a sessão de auto avaliação dos alunos no questionário, 63% destes (117 alunos), se intitularam entre regular e bom. Os resultados evidenciaram que a maioria dos sujeitos apreciam a disciplina e seus conteúdos. Nos chamou a atenção a dança estar em segundo lugar na preferência de conteúdo, pois, como afirma Marques (2003, p. 20) "o ensino de dança ainda está coberto por densa camada de pensamentos e ideias preconceituosas em relação à sua natureza' (...) Não são poucos os pais de alunos (gênero masculino) e os próprios alunos que ainda consideram dança coisa de mulher'" (grifo da autora). Isto nos fará planejar futuras intervenções com esse conteúdo. Assim, através das análises e observações identificadas nos dados coletados, pretende-se direcionar propostas de intervenções metodológicas no PIBID EF, considerando a realidade da escola e os princípios curriculares no trato com o conhecimento (COLETIVO DE AUTORES, 1992), já que "não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados, ainda que bem ensinados é preciso que se liguem de forma indissociável a sua significação humana e social" (LIBÂNEO, 1985, p. 39), ou seja, utilizar a cultura corporal para desenvolver nos alunos as suas potencialidades, formando sujeitos críticos e autônomos. Palavras-chave: Educação Física, PIBID, Diagnóstico. Referências BOAVENTURA, E. Educação física para a autonomia: construção de possibilidades metodológicas. 2007. 138f. Dissertação (Mestrado em Motricidade Humana) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2007. CAPES. Edital n.7/2018. Chamada Pública para Apresentação de Propostas ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). Disponível em:< https://www.capes.gov.br/images/stories/download/editais/01032018-Edital-7-2018-PIBID.pdf>. Acesso em: 11 out. 2018. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo, Cortez, 1992. DARIDO, S. & RANGEL, I. C. (org.) Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo, Loyola, 1985. MARQUES, I. A. Dançando na Escola. São Paulo: Cortez, 2003.