Apesar dos benefícios na mineração, tais como impulsionamento da economia do país, melhorando a qualidade de vida, como destacado por Lima e Teixeira (2006) e Silva (2016), essa prática torna-se prejudicial ao ambiente e aos envolvidos em torno, uma vez que ocasiona a degradação do solo, derruba árvores, polui rios, dificulta a vivência dos moradores locais, entre outros prejuízos ambientais e sociais (SILVA; ANDRADE, 2017). Assim, é preciso a realização de práticas educativas no intuito de apresentar aos alunos das instituições de ensino básico os amplos contextos da mineração para que possam posicionar-se sobre suas escolhas de forma crítica e reflexiva, além de entenderem a dupla face da mineração e como interage com a vida (SILVA; BEZERRA, 2016). Assim, o objetivo geral deste trabalho consiste em relatar a vivência de alunos do ensino Fundamental II no cultivo do sabiá (Mimosa caesalpineafolia) em um local com riscos de mineração, mediante objetivos específicos de descrever as atividades realizadas, além do comportamento dos alunos no percurso de realização; e discorrer a relevância desta prática para a formação dos alunos e o docente. Esta visita, idealizada pelo diretor de ações ambientais da Secretaria de Meio Ambiente da cidade de Ipaporanga/CE em alusão a Semana da Caatinga, mas com ênfase no processo de mineração, consiste em um relato de experiência docente da vivência de 05 alunos do 9º ano de uma instituição da referida cidade. A escolha desta instituição se deu pelo critério da proximidade com o local ameaçado de mineração, enquanto a coordenação e o docente de ciências determinaram como critério para escolha da turma o fato dos alunos nunca terem participado desta ação, podendo as outras turmas participarem em anos seguintes; e como critério para escolhas dos alunos se deu por: 1 - os residentes mais próximos da Serra da Boa Esperança; 2 - os discentes que não possuíam problemas de saúde, principalmente respiratório, visto que subiríamos a Serra; 3 - tivessem disponibilidade de tempo para realização da prática, visto que ocorreria em contraturno da aula; e 4 - possuíssem autorização do responsável, o qual assinaria um termo de autorização. No final deste processo, selecionou-se 07 alunos para realização da atividade. Entretanto, 02 alunos não puderam comparecer na ação devido problemas de saúde. Esta atividade ocorreu em dois momentos, sendo o primeiro a realização de roda de conversa entre os membros da Secretaria de Meio Ambiente, alunos, e os demais integrantes presentes na comunidade. Durante a roda de conversa, os membros da Secretaria de Meio Ambiente relataram sobre o bioma caatinga e o processo de mineração, em seguida questionaram aos alunos sobre implicações do processo de mineração para o ambiente e a comunidade, além da importância desta atividade, segundo suas percepções. Um dos discente respondeu, tendo suas falas complementadas pelos colegas, sobre a destruição ambiental no solo, nas árvores e poluição nos lençóis freáticos que emergem água nos 64 olhos d'água responsáveis por abastecer a localidade, e assim, esses definiram a presente atividade como uma oportunidade de conhecerem a região vizinha na qual moram, mas nunca visitaram; e um momento ímpar para adquirirem mais aprendizados. Observa-se um conhecimento prévio dos alunos, obtido pela realidade que vivem, o que na ótica de Festas (2015) a contextualização, pautada sobretudo na experiência, facilita o processo de aprendizagem, outro destaque na ação dos discentes incide no processo de aprendizagem colaborativa, na qual os alunos, em equipe, complementam as falas dos colegas e de acordo com Torres e Irala (2014), torna-se um processo fundamental para superação de desafios entre os envolvidos. Após a discussão, os sujeitos presentes na roda de conversa se dirigiram ao riacho da Serra da Boa Esperança para cultivo das plantas. Constata-se nesta etapa, a curiosidade dos alunos sobre acontecimentos locais, como o caso de incêndios anuais, no período de setembro a novembro na região, em que o técnico da Secretaria de Meio Ambiente comunicou não possuir dados conclusivos de ocorrer pela presença de plantas que quebram a dormência das sementes com o fogo, que nem ocorre no cerrado; devido à grande quantidade de ferro presente na área e discorrido pelos mineradores; ou se seria um processo criminal, mesmo a ocorrência de fogo sendo iniciada a menos de dez anos. Essa e outras indagações dos alunos referentes a preocupação com o ambiente demonstram a concretização da instituição de ensino para formação cidadã do aluno, sendo proposto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) (BRASIL, 1996). Outro destaque é realizado durante o plantio das mudas, no qual os discentes se preocuparam em descartar de forma correta os plásticos envoltos destas e não os jogar no ambiente. O comportamento descrito é resultante de ações da escola para sensibilização dos alunos referente o descarte correto do lixo, o que denota segundo Brum e Silveira (2011), uma preocupação ecológica e na qualidade do ambiente. Assim, evidencia-se êxito na atividade proposta pela Secretaria de Meio Ambiente, ao observar comportamento ecológico pelos alunos presentes, preocupados com o meio ambiente, assim como demonstram conhecimentos sobre os prejuízos do processo de mineração diante a realidade que vivem. Outra pontuação consiste na importância desta atividade para formação social dos alunos ao fecharem o ciclo do ensino fundamental, bem como, o agregar de novas metodologias de ensino para abordagem do docente em suas práticas pedagógicas. Palavras-chave:Mineração, Meio Ambiente, Metodologia de Ensino, Ensino de Ciências. Referências BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. Disponível em: . Acesso em: 22/08/2018. BRUM, D.P.; SILVEIRA, D.D. 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