FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR DE SOCIOLOGIA EM ALAGOAS: LIMITES E DESAFIOS DA CARREIRA PROFISSIONAL O presente trabalho tem por objetivo analisar de que maneira é pensada a formação de professores da educação básica - sobretudo os da disciplina de sociologia -, tendo em vista as inúmeras peculiaridades da profissão docente no cenário educacional brasileiro, e de que maneira os professores universitários preparam os futuros professores da educação básica para encarar as adversidades que encontrarão no exercício de sua função. Considerando o fato de que alguns avanços foram realizados no âmbito da educação nos últimos vinte e dois anos - referindo-se aqui de forma específica a avanços na legislação a partir da criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) -, no que diz respeito à consolidação da figura do professor como legítimo profissional da educação e o de formalizar o reconhecimento das universidades como o espaço formador deste profissional. No entanto, isto não significa que na prática, toda esta legislação assegure a formação íntegra dos professores, levando em consideração as singularidades do objeto de trabalho destes profissionais, dotados de subjetividade e que possuem a capacidade de problematizar as próprias ações. Além disso, há também as questões de natureza estrutural do próprio ambiente com o qual o professor irá lidar direta e indiretamente, aspectos estes que irão se manifestar ao longo de toda carreira de educador. O foco maior da análise pretendida estará direcionado à Universidade Federal de Alagoas - UFAL, mais precisamente o Instituto de Ciências Sociais - ICS, instituição esta que constitui o principal órgão envolvido, de maneira direta, com a formação profissional dos docentes para o ensino de Sociologia no estado de Alagoas. No trabalho será analisado também se há prevalência da tendência bacharelesca, caracterizada pela baixa preocupação, por exemplo, com a transposição dos conteúdos ministrados na universidade para uma linguagem mais adequada ao ensino escolar, o que acaba por influenciar diretamente nesse processo de falta de integralidade na formação do educador, já que as disciplinas ditas teóricas são muitas vezes mais valorizadas do que as disciplinas pedagógicas, exclusivas dos cursos de licenciatura, muitas vezes tratadas com certo desprezo por parte de alguns agentes, tanto docentes quanto discentes, tendo em vista que existe uma espécie de hierarquização entre elas, podendo esse processo desembocar numa formação que preconiza a prática da pesquisa em contraponto ou em oposição quando relacionada com a prática docente. Os autores usados serão o canadense Maurice Tardif (2014), que utiliza a categoria "trabalho interativo" justamente para pensar o trabalho docente envolvido por interações humanas, e Agostinho dos Reis Monteiro (2015), que discorre acerca do profissionalismo docente destacando e criticando algumas dificuldades referentes à carreira docente, dentre elas: turmas numerosas e muito heterogêneas; sobrecarga de tarefas e recursos escassos, além da desvalorização tanto no que diz respeito ao reconhecimento profissional, como aquele gozado pelos engenheiros e arquitetos, e a questão da desvalorização salarial. Com isso o que queremos defender é que os profissionais da educação devem ser formados pensando de fato a sua prática profissional, já que os professores vão lidar com fatores bem mais incertos, sobretudo no contexto da educação pública brasileira dos tempos atuais, alunos que vêm de contextos sociais bastante abrangentes, salas de aulas com mais de 40 estudantes, sem falar ainda sobre a estrutura física das escolas, muitas vezes faltando ferramentas para que ele possa trabalhar de forma adequada, como por exemplo a falta de um datashow, ou até mesmo internet ou uma sala de vídeo. Todos esses fatores são informações que quase não são possíveis de fazer o licenciando compreender, justamente porque para estes, o conhecimento desses aspectos da prática docente na maioria das vezes não são acessíveis e provavelmente só vão o ser principalmente quanto as condições de trabalho, na medida em que concluírem seu curso, salvo aqueles que ingressam em programas de iniciação à docência, os quais, por vezes não oferecem vagas suficientes e/ou incentivos suficientemente gratificantes, o que torna muitas vezes os programas pouco atraentes ou tão abrangentes, tendo em vista, a escolha que em certos casos há de ser feita pelo licenciando, entre o engajamento acadêmico e a subsistência, o que é realmente muito delicado, já que estes quesitos irão impactar diretamente na composição de sua identidade docente. As realizações metodológicas estarão pautadas na realização e submissão de questionários, nos quais iremos abordar questões referentes às impressões dos professores e alunos, como também professores formados já atuando na educação básica, bem como os professores das disciplinas pedagógicas e específicas das Ciências Sociais da universidade, e os discentes do curso de Ciências Sociais, para compreendermos melhor as questões ora apresentadas. Além disso, será feita também uma apreciação do Plano Político Pedagógico (PPP), do curso para avaliar se foi pensada, durante a elaboração deste, a articulação entre as teorias referentes às três principais áreas das Ciências Sociais, a saber, Antropologia, Sociologia e Ciência Política, com a prática docente no que diz respeito aos conhecimentos dessas ciências no âmbito da Sociologia no Ensino Médio Palvras-chave: identidade docente, formação docente, ensino de sociologia. Referências: MONTEIRO, A. R. Profissão docente: profissionalidade e autorregulação. ed São Paulo: Cortez, 2015, 33 p. TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente hoje: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. ed. Petrópolis: Vozes, 2014, p. 15-54.