BATALHA ELEMENTAR - UMA METODOLOGIA ALTERNATIVA PARA O ENSINO DAS PROPRIEDADES PERIÓDICAS A ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL Caroliny Heloisy Dias Lima [1] /caroliny.heloisy@gmail.com /Discente do Curso de Licenciatura em Química - Instituto Federal do Pará - Campus Belém Ísis Fernanda Ferreira de Sousa Alves [2] /Discente do Curso de Licenciatura em Química - Instituto Federal do Pará - Campus Belém Camila Cristine Ferreira Moura Lobato [3] / Discente do Curso de Licenciatura em Química - Instituto Federal do Pará - Campus Belém Milton Nazareno Monteiro Pereira [4] / Professor do Instituto Federal do Pará - Campus Belém Marcelo Henrique Vilhena da Silva [5] / Professor do Instituto Federal do Pará - Campus Belém Eixo Temático: Processos de ensino e aprendizagem - com ênfase na inovação tecnológica, metodológica e práticas docentes. Resumo A partir de levantamento bibliográfico e dos relatos de experiências vividas em sala de aula, constatou-se que a inclusão escolar, de alunos portadores de necessidades especiais (PNE), é um tema cujo debate é de fundamental importância na atual sociedade, colocando em foco o acesso ao conhecimento vivido por alunos com deficiência visual em classes regulares de ensino, em especifico na disciplina de química (Ribeiro, 2017). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, também conhecido como IBGE, comprovaram em 2010 que cerca de 6,2% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, sendo 3,6% possuidores de deficiência visual. Em decorrência disso, estando estabelecida em legislação, exemplificada pela LEI N° 13.146 e LEI N° 7.853 que o Estado tem por dever garantir uma educação de qualidade a todos os alunos, bem como a inclusão de alunos com deficiência, cabe as escolas e aos professores estarem dispostos a adotar novas metodologias, as quais contemplem esses alunos, de modo a facilitar e auxiliar o ensino aprendizagem. Diante do currículo exigido nas classes de ensino, optou-se por adotar a Química, levando em consideração a vasta manifestação por parte dos alunos quanto as dificuldades no aprendizado de tal disciplina, desde as séries fundamentais até o ensino médio (SILVA, 2011). Tomou-se por objetivo deste trabalho apresentar uma metodologia educacional inclusiva para o ensino da tabela periódica e as propriedades dos elementos químicos, a qual atendesse as necessidades anteriormente citadas, sendo esta inspirada no jogo de cartas denominado SUPER TRUNFO, distribuído no Brasil desde os anos 70 pela empresa Grow Jogos e Brinquedos Ltda. Tratando-se de uma tecnologia educacional, elaborou-se as ideias iniciais, bem como adaptaram-se as regras originais do jogo e a jogabilidade em si, de modo a melhor atender as necessidades apresentadas pela proposta. Foi escolhida uma turma do 1° ano do ensino médio integrado ao ensino técnico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) - Campus Belém, a qual possuía alunos videntes e um aluno com deficiência visual (aqui se utiliza o termo masculino sem especificar se trava-se de um aluno ou uma aluna), na qual se realizou a seguinte atividade: foram destacados os elementos químicos da tabela periódica, visando ressaltar aqueles de maior aplicação e visualização no cotidiano dos alunos, três desses elementos foram sorteados para cada aluno, pedindo que o mesmo realizasse uma pesquisa a respeito dos valores de massa, número atômico, eletronegatividade, energia de ionização e raio atômico de cada elemento recebido. Após realizada a pesquisa, na aula seguinte, os alunos iniciaram a confecção das cartas do protótipo, utilizando materiais de fácil acesso como papel cartão e E.V.A, nas quais foram escritas as propriedades pesquisadas, tanto em língua portuguesa quanto em Braille (sistema de escrita tátil), juntamente ao símbolo do elemento e seu nome por extenso, sendo este o primeiro contato dos demais alunos com o sistema Braille. Os demais elementos, os quais não foram sorteados pelos alunos, se tornaram responsabilidade dos aplicadores da proposta, para que, ao final, todos os elementos pudessem ser apresentados em conjunto. Durante a atividade, os alunos puderam reforçar os conhecimentos já adquiridos acerca das propriedades periódicas, bem como desenvolveram ciência da importância de se adaptar o material para que o colega de classe deficiente visual também pudesse interagir e socializar durante a aplicação da tecnologia. A adaptação para o Braille foi feita com auxílio do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NAPNE) presente no Instituto, o qual forneceu aos alunos embasamento para tal. Concluídas a produção das cartas do protótipo, o próprio aluno com deficiência visual as verificou, encontrando alguns pequenos erros na transcrição, devido a falta de prática do restante da turma. Esses erros foram corrigidos e as cartas aperfeiçoadas para a versão final, a qual foi aplicada na turma, mediante as regras definidas anteriormente. Sendo assim, após a realização da atividade em sala, notou-se o interesse dos alunos durante a produção e aplicação, favorecendo a interação dos alunos videntes com o aluno deficiente visual. Perguntas foram feitas para toda turma, quanto a eficiência da tecnologia em cumprir seus objetivos, obtendo respostas positivas, em especifico do aluno com deficiência visual, o qual teve a oportunidade de participar, da atividade proposta, com seus colegas de classe de forma igualitária. Por intermédio de tais observações, pode-se reafirmar a ideia inicial apresentada, bem como a importância de uma metodologia alternativa, não necessariamente inovadora, a qual possa facilitar o entendimento dos alunos de maneira lúdica e educativa, oferecendo-os uma forma acessível e divertida de exercitar o conteúdo abordado, assim como outros pontos essenciais na formação de um aluno, tais quais o respeito as diferenças, a tolerância e cooperação. Além disto, os alunos receberam conhecimentos acerca das dificuldades enfrentadas diariamente por pessoas com deficiência visual, e também acerca do Braille, podendo visualizar e aprender a respeito da maneira com a qual o sistema se apresenta. Tais conhecimentos serão de fundamental importância para o desenvolvimento destes alunos, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes e tolerantes, os quais podem garantir ao país um futuro de progresso e respeito. Palavras-chave: Química, metodologia, deficiência visual. Referências Brasil. Decreto no 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. Diário Oficial da União; 21 dez. Brasil. Lei 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União 2015. FRANCO, João Roberto; DIAS, Tárcia Regina da Silveira. A Educação de Pessoas Cegas. Avesso do Avesso, Araçatuba, v.5, n.5, p.74-82, ago. 2007. LIMA, E. et al. O uso de jogos lúdicos como auxilio para o ensino de química. 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